'Um de nós'

Renato Freitas toma posse como deputado estadual após histórico de perseguição

“Mais um rapaz comum, sobrevivente por necessidade, político por acidente, lutador por vocação”, se define

Reprodução/Renato Freitas
Reprodução/Renato Freitas
Freitas foi perseguido na Câmara dos Vereadores de Curitiba e virou um dos alvos preferenciais da extrema direita

São Paulo – O advogado Renato Freitas tomou posse nesta quarta-feira (1º) como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná. O petista, jovem e preto, assume o cargo com a visão que marca sua carreira política; o slogan “um de nós”. “Mais um rapaz comum, sobrevivente por necessidade, político por acidente, lutador por vocação”, como se define.

A posse de Freitas tem simbologia especial. Além de ser representante da população mais vulnerável do Paraná, o advogado sofreu perseguição política quando vereador por Curitiba. Freitas foi cassado duas vezes pelos vereadores curitibanos sob acusação de “quebra de decoro”. Seus pares, muitos acusados de crimes como rachadinhas, corrupção, racismo e assédio sexual, tentaram acabar com sua carreira política por sua luta antirracista.

Renato Freitas foi perseguido na Câmara de Curitiba e virou um dos alvos preferenciais da extrema direita de diferentes cantos do país. Isso porque o advogado participou de ato contra o racismo na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito. A acusação foi de que ele teria atrapalhado um local de culto. Mesmo a Arquidiocese católica saiu em defesa de Freitas. Contudo, a sanha persecutória dos extremistas não parou.

Luta contínua

Então, coube à Justiça evitar sua condenação injusta. O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu seu mandato como vereador. Agora, Freitas assume um cargo em parlamento maior, como um dos 20 parlamentares mais bem votados. Freitas contou com 57.880 votos

Freitas declarou, em entrevista para o portal UOL, que “não nasceu vereador ou deputado”. “Não vou morrer vereador ou deputado. Vou fazer de outra forma para tentar um resultado diferente. Do jeito que fizeram até hoje não deu certo. Nós os pretos, pobres, da periferia estamos sempre perdendo”, acrescentou.