Em Brasília

Reitores de institutos federais de educação divulgam manifesto contra golpe

Documento foi entregue ao ministro Ricardo Berzoini, que comparou tentativa de impedir mandato de Dilma Rousseff ao movimento de 1964, que deu início a ditadura de 21 anos no país

reprodução/twitter

“Esse golpe vergonhoso fragiliza os poderes da República e macula a imagem do povo brasileiro”, diz manifesto

São Paulo – Os 41 reitores dos institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica divulgaram hoje (10) um manifesto em que pedem “o apoio popular para estancar esse golpe vergonhoso, que fragiliza os poderes da República e macula a imagem do povo brasileiro e de sua nação”.

O documento foi entregue ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, no Palácio do Planalto. Nele, os acadêmicos dizem que as ameaças ao mandato da presidenta Dilma Rousseff colocam em risco o estado democrático de direito, “fissuram importantes conquistas que marcam a política pública em nosso país, no que se refere à construção de uma nação mais justa e inclusiva e embaçam as aspirações e a luta por uma pátria verdadeiramente livre e soberana”.

“Assistimos, portanto, a uma tentativa não apenas de usurpar o mandato da presidenta do país, mas a de vilipendiar direitos históricos sociais adquiridos”, afirma o manifesto.

O documento foi lido pelo professor Marcelo Bender Machado, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnologica (Conif). Nos institutos federais de educação profissional estuda 1,5 milhão de alunos.

O ministro Berzoini repudiou o golpe que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o PSDB tentam impor sob o disfarce legal de impeachment. Para o ministro, a articulação em curso se compara à ação dos golpistas de 1964. “A presidenta Dilma é uma mulher digna e honesta e tem toda a legitimidade para cumprir seu mandato até o final”, disse.

Berzoini, que tem longa atuação no Congresso Nacional (foi deputado federal de 1999 a 2014) afirmou ontem, em entrevista coletiva no Palácio no Planalto, que as manobras de Cunha, para conseguir a aprovação da chapa “avulsa” da comissão especial do impeachment não têm apoio da legislação que rege o parlamento.

“Não há razão para nós acreditarmos em chapa avulsa quando lemos o texto da lei e conhecemos o funcionamento do Congresso Nacional, especialmente da Câmara dos Deputados. Fui deputado por 16 anos e conheço razoavelmente o regimento da Casa. E conheço a lei 1.079, que rege esse tipo de procedimento. Então, não acredito que haja legalidade”, disse o ministro.