PT e oposição trocam farpas por meio de ações no TSE

Desde semana passada, legendas acionam adversários por agenda no sábado (1º), pronunciamento de Lula e campanha na internet

DEM reclama de pronunciamento de Lula e de evento da CUT; PT acusa “guerra suja” na internet e verba pública em evento religioso em SC (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – O PT e o DEM movem representações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra seus adversários, desde semana passada. A “troca” de ações judiciais envolve a agenda dos pré-candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no sábado (1º). Enquanto a petista participou de eventos de centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalhador em São Paulo, o tucano foi a um evento de evangélicos em Santa Catarina.

O DEM apresentou duas representações nesta segunda-feira (3). A primeira acusa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer campanha eleitoral antecipada em evento de comemoração do Dia do Trabalhador, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Dilma e a própria CUT também são alvos da representação.

O partido baseia a representação em discurso de Lula em que ele defende a necessidade de se fazer mais pelo país, mas com “sequenciamento”. O documento pede multa máxima, o que seria equivalente a R$ 25 mil ou o “equivalente ao custo total da propaganda”.

O texto, entregue nesta segunda-feira (3) sustenta que o seminário latino-americano iniciado na sexta-feira (30) e no sábado “não passou de mais um comício em prol da pré-candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) para o próximo pleito presidencial”. O DEM questionou ainda a utilização de recursos públicos para a realização do evento.

A segunda queixa dos democratas diz respeito ao pronunciamento de Lula em rede de rádio e televisão levado ao ar na quinta-feira (29). Para a legenda de oposição, Lula fez campanha ao sugerir que a população “sabe escolher”.

Na sexta-feira, o PT havia entrado com duas representações contra o PSDB, por conta do site “Gente que Mente”. Para a legenda, o próprio nome do domínio usado, criado por dirigentes tucanos, fere a honra de Dilma Rousseff.

O PT promete ainda outra representação. José Eduardo Dutra, presidente nacional do partido, afirma que o ato em Santa Catarina foi um “comício” pró-Serra. O problema é que o governo do estado e a capital de Camboriú, a 85 quilômetros de Florianópolis, deram R$ 540 mil a título de patrocínio ao evento.

“Estatal patrocinar o 1º de maio é dinheiro público”, escreveu Dutra no Twitter. “Governo do estado e prefeitura em SC patrocinarem evento religioso é dinheiro do PSDB”, completou Dutra. “Vamos representar contra o comício tucano em Santa Catarina. Espero que o Serra não diga que vamos pro inferno. Em tempo, eu não fumo”, completou.

A relação entre inferno e cigarro diz respeito a uma passagem do discurso de Serra em que o ex-governador associou o ateísmo ao tabagismo. Serra participou do 28º Congresso Internacional de Missões dos Gideões Missionários da Última Hora.

A ONG Gideões Missionários da Última Hora, que promoveu o evento, negou que o convite a Serra tenha ocorrido por causa do patrocínio. A entidade afirma, em entrevista à Folha de S.Paulo que convidou Lula, Dilma e Marina Silva (PV), também pré-candidata.

Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), está havendo excesso dos ministros do TSE. Lula já foi multado duas vezes por campanha eleitoral antecipada. Ele reconhece que a legislação eleitoral é pouco específica a respeito do que é permitido na pré-campanha.

“Se a oposição acha que saber escolher é escolher a Dilma nós ficamos feliz”, ironizou em entrevista ao G1. Para o líder do governo, tanto o pronunciamento quanto os eventos de Lula no dia 1º de maio não foram propaganda antecipada.