PSDB vê no PT a origem das críticas de Marina no debate
Líderes da oposição tentam se descolar de falas de senadora, que apontou debate infantilizado entre tucanos e petistas
Publicado 18/08/2010 - 16h40
São Paulo – Os aliados de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, tentaram descolar o tucano das críticas feitas por Marina Silva (PV) durante o debate desta quarta-feira (18). Em diferentes momentos, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente colocou-se como alternativa à polarização entre PT e PSDB, falando que os dois partidos têm o mesmo arco de alianças e não contemplariam o respeito a modelos alternativos de desenvolvimento em seus eventuais governos.
Após uma das respostas agressivas de Serra, em que o tucano chamou Dilma Rousseff (PT) de ingrata, Marina disse estar muito preocupada com o “ensaio de quase pugilato”. A senadora insistiu que os adversários deixam de debater propostas para ficar olhando para o passado e fazendo agressões.
Em vários momentos, no entanto, ela ponderou os acertos do governo Lula, principalmente no caso de programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Mas, durante sua última fala, Marina voltou a criticar a polarização: “Estão querendo infantilizar a sociedade brasileira com essa história de pai e de mãe.”
Os aliados de Serra imediatamente interpretaram a concorrente fazia alusão a Lula como pai e a Dilma como mãe. Apesar de Marina já ter feito críticas à disputa pela “paternidade” de programas e iniciativas, os tucanos associaram a menção à “mãe do PAC”, como Lula refere-se a sua candidata por diversas vezes. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma das principais bandeiras eleitorais do PT.
Foi essa a linha das declarações dos dirigentes nas entrevistas após o debate. Sérgio Guerra, presidente do PSDB, afirmou que Marina entrou na campanha, mas evitou falar sobre as críticas feitas aos tucanos. “Isso de ‘mãe do PAC’ é ridículo. Ela (Marina) fala em infantilização. Nós falamos de subestimação. Subestimação da sociedade, do povo”, reclamou Guerra.
O senador tucano tentou mostrar que Dilma é uma candidata fabricada e admitiu novamente que não quer comparações entre os governos de Lula e de Fernando Henrique Cardoso. “A gente não vai disputar eleição com o Lula. Ele quer que seja assim. A gente não. A gente quer disputar com a Dilma. A Dilma vai ter que aparecer 45 dias sozinha por aí. E vai sozinha no debate”, desafiou.
O presidente do PPS, Roberto Freire, também evitou responder às críticas feitas por Marina a Serra, preferindo chamar atenção para a fala sobre a infantilização da sociedade. Na visão de Freire, o PT é quem esvazia a discussão, tentando desmoralizar a política brasileira com a busca de salvadores.
“Marina Silva apresentou algo importante à sociedade brasileira. A coisa mais importante é dizer à sociedade que não precisamos nem de pai nem de mãe. Precisamos de um presidente”, concordou.
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