PSDB fala em renovação e sinaliza como será oposição a Haddad na Câmara de SP

Tucanos ouvidos pela reportagem após 'discurso da derrota' de José Serra comentam partido deve renovar ideias, e não necessariamente quadros

Serra garantiu que é ele o “revigorado pelas urnas”, mas seus correligionários parecem pensar diferente (Foto: Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress)

São Paulo – “Renovação” foi a palavra que circulou entre jornalistas e membros do PSDB após a derrota de José Serra no segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo. Tudo começou com as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, antes do fechamento das urnas. “A gente tem de empurrar os novos para ir para a frente.” Depois, já com o resultado definido, o tema foi pipocando de entrevista em entrevista no comitê de campanha tucano, no centro da capital, onde alguns correligionários de Serra se reuniram para prestar-lhe um último apoio no pleito de 2012.

“Houve efetivamente uma preferência do eleitorado de São Paulo pela renovação da política”, observou o vice-governador do estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), sem deixar de anotar que, mesmo derrotado, o tucano continua sendo um nome de peso na política brasileira. “Serra era o candidato com mais história, mas há uma tendência pela renovação. E isso estamos vendo em todo o país. Fica o recado para São Paulo.” De acordo com Afif, o “tabuleiro político” que se desenhou com as eleições deste ano demonstra que não será fácil definir candidatos para 2014 – quando o país elege seus novos presidente da República, governadores, deputados e senadores.

“A renovação já vem ocorrendo com a vitória do Rui e de muitos candidatos nossos”, explica o deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB), em referência a Rui Palmeira, eleito novo prefeito de Maceió (AL) ainda no primeiro turno. “Acho que as respostas das urnas no Brasil todo são no sentido de que a gente renove, não só nos candidatos, mas renove as ideias e mostre um país dinâmico, com economia extremamente dinâmica – que, aliás, é resultado das mudanças estruturais ocorridas durante o governo de FHC.”

O senador Aloysio Nunes Ferreira diz que o PSDB não precisa ter necessariamente rostos novos, mas ideias novas – sem, no entanto, perder as referências do passado. “Temos quadros novos despontando por aí, em todos os cantos”, lembra. “Um partido, para sobreviver, tem de estar sempre se renovando. Mas você se renova mantendo, evidentemente, as pessoas que são referência no partido. Uma renovação não pode ser novidadeira, tem que ser com qualidade, mantendo as referências positivas que nós temos.”

Câmara

Nenhum dos tucanos ouvidos pela RBA, porém, reconheceu que a escolha de José Serra para disputar a prefeitura de São Paulo tenha sido um erro. Pelo contrário, todos defenderam seu nome como “único capaz de unificar o partido” para o confronto eleitoral. “Houve um chamamento pra que Serra fosse nosso candidato”, defendeu o vereador reeleito pelo PSDB, Floriano Pesaro. “Claramente, o povo paulistano optou por algo novo, um prefeito que vinha com proposta, cara nova para a cidade. O PSDB, como todo partido que perde eleição, tem de fazer uma reflexão, uma autocrítica e avaliar. Mas não acho que cometemos nenhum grande erro, muito menos com nosso candidato.”

Um dos maiores expoentes do bloco tucano na Câmara Municipal, Pesaro afirma que ainda é cedo para definir a estratégia da oposição legislativa a Fernando Haddad (PT) – mas indica que o tema das Organizações Sociais (OS) terá peso na pauta política dos vereadores. “Estaremos atentos o tema das OS para impedir que o PT as aparelhem, colocando companheiros de partido lá dentro ou utilizando as OS como máquina partidária”, conta, se dizendo preocupado também com o orçamento. Tenho certeza que o PT vai se rearticular pra tentar compor maioria na Câmara já visando o orçamento de 2013.”

Eleito vereador com a segunda maior votação da cidade, Andrea Matarazzo adianta que a atuação da bancada do PSDB na Câmara será pautada pela fiscalização da prefeitura. “Vamos fiscalizar e acompanhar o que estiver sendo feito”, afirmou, dizendo esperar que Fernando Haddad não se transforme numa espécie de subprefeito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele foi eleito prefeito, agora precisa ter autonomia de prefeito. Não pode ser alguém que faça as vontades do partido.”