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Indefinição de peemedebistas atrasa recomposição da base aliada

Ideia é manter alguns integrantes do PMDB fiéis ao governo, mas ministros da articulação política não negam que siglas como PP e PSD passarão a ter mais força na Esplanada

Marcelo Camargo/abr/fotos públicas

Principal dificuldade está no Ministério da Saúde, ocupado por Marcelo Castro

Brasília – O Palácio do Planalto deve reformular a base aliada nesta semana. Cerca de 500 cargos que estão sendo negociados, continuam sendo objeto de conversações com as várias bancadas. Apesar da pressa, as definições foram adiadas da última sexta-feira (1º) devido às dúvidas e resistências observadas até agora por parte de setores do PMDB que têm procurado o Executivo para dizer que não seguem a posição oficial do partido e estão dispostos a continuar apoiando o governo.

O Planalto já deixou claro que a reformulação da base será feita, diante da posição oficial do PMDB e que mesmo que alguns peemedebistas sejam mantidos, será aberto espaço para outras legendas. Em reservado, dois ministros reiteraram que as outras legendas que dão sustentação ao governo terão mais cargos, mesmo se for o caso de o PT ficar com menos presença no Executivo com este remanejamento.

A principal dificuldade está sendo observada em relação ao Ministério da Saúde. A pasta está sendo ocupada pelo peemedebista Marcelo Castro (BA), ligado à ala do partido pertencente ao líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani (RJ). Castro, ao lado da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e do ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, já disseram que querem ficar nos cargos e está sendo trabalhado agora uma forma de eles serem mantidos – se por meio de uma licença da sigla ou se trocando o PMDB por outra legenda.

Mas tudo indica que só a titular do ministério da Agricultura e o da pasta de C&T deverão permanecer, uma vez que há um entendimento forte entre os deputados e senadores de que é muito difícil negociar mais apoio pelo impeachment com partidos da base se o Ministério da Saúde, tido como expressivo em termos orçamentários e pela sua atuação na área social, não passar por remanejamento.

O PP está com a bancada mais propensa a continuar na base governista. Vários pepistas anunciaram que estão negociando com o Planalto a transferência do Ministério da Saúde do PMDB para algum político do partido. O nome mais cotado é o do deputado Ricardo Barros (PP-PR) e teria o intuito de fortalecer o apoio da bancada do PP na votação do impeachment, que é formada por 51 deputados.

Também está sendo acertada a substituição do atual ministro da Integração Nacional, Gilbero Occhi, outro pepista na Esplanada dos Ministérios, pelo deputado Cacá Leão (PP-BA). Caso isto aconteça, Occhi não deixará o governo, mas será transferido para um novo cargo – provavelmente a presidência de alguma autarquia.

Primeiras substituições

Na sexta-feira foi exonerado o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Roberto Derziê de Sant’Anna, que tinha sido indicado pelo vice-presidente Michel Temer. A saída dele abre mais espaço para as rodadas de negociações com outros partidos. O governo também nomeou para o cargo de diretor da Casa da Moeda, Heovah de Araújo Silva Júnior, em substituição a Paulo Ricardo de Mattos Ferreira, que foi exonerado, também por ser ligado à ala do PMDB que formalizou na última terça-feira o desembarque da base aliada.

Trocas que também estão em curso são a diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) cujo titular, da mesma forma ligado ao PMDB, Walter Gomes de Souza, foi exonerado sexta-feira, assim como o diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rogério Abdalla.

O secretário do Produtor Rural e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Caio Rocha, confirmou que deixará o cargo nesta semana. Rocha, apesar de trabalhar hoje com Kátia Abreu, é vinculado ao vice Michel Temer e ao ex-ministro Eliseu Padilha. As negociações para estas substituições, além do PP, passam pelas bancadas do PR, PSD, PP, PHN e PTB.