Rede de Sustentabilidade

‘Não depende mais de nós’, diz Sirkis sobre registro oficial do partido de Marina

Prazo final para legalização é 5 de outubro. Das 560 mil assinaturas de apoio enviadas aos TREs, apenas 189 mil foram reconhecidas até o momento

Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

“Muita água vai passar debaixo da ponte, para o bem e para o mal”, diz aliado de Marina

São Paulo –Maior surpresa das últimas eleições presidenciais e bem colocada nas pesquisas de intenção de voto para 2014, a ex-senadora Marina Silva ainda não sabe se poderá ser candidata pelo partido que ajudou a fundar no ano passado, o Rede de Sustentabilidade.

Até agora, os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) reconheceram apenas 189 mil das 560 mil assinaturas de apoio entregues pelo partido. Pela lei, é necessário o reconhecimento de pelo menos 491 mil assinaturas, até 5 de outubro, para que o partido possa lançar candidatos nas próximas eleições.

Uma das principais lideranças da futura legenda, o deputado federal Alfredo Sirkis, atualmente no  PV do Rio de Janeiro, afirma que o partido já fez sua parte e que prefere não pensar em expectativas.

“Não estou otimista nem pessimista, até porque não é uma coisa que dependa mais de nós, no atual estágio”, afirma Sirkis. A Rede, segundo ele, conseguiu 800 mil assinaturas, entregou 560 mil aos tribunais e aguarda as respostas.

Os dirigentes da Rede reclamam que os TREs estão demorando mais do que os 15 dias legais para concluir a checagem das listas de assinaturas enviadas a eles. A legenda já pediu o registro em 11 estados em que obteve o número de assinaturas necessárias: Acre, Alagoas, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins, além do Distrito Federal.

Espera-se para as “próximas semanas” o pedido de registro no Amapá, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

A indefinição traz dificuldades políticas para a costura de apoios que lhe deem palanques nos estados em 2014, o que é fundamental para uma candidatura presidencial se viabilizar.

Mas Sirkis afirma que a questão não é a preocupação das atuais discussões internas. “Isso vai ser discutido a partir do momento que a gente verificar que o partido vai poder concorrer nas eleições”.

Sirkis foi um dos 62 dirigentes da Rede presentes à reunião de ontem (11), em Brasília, para discutir a composição dos diretórios nacional e regionais. Além dele e da própria Marina, participaram os deputados Domingos Dutra (PT-MA) e Walter Feldman (PSDB-SP), a vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSOL) e a psicóloga Maria Alice Setúbal, uma das herdeiras do banco Itaú.

Pesquisa

A respeito da pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (10), em que Marina aparece na segunda posição com 26% de intenção de voto, atrás de Dilma (com 35%), mas bem à frente do tucano Aécio Neves (13%) e do governador Eduardo Campos, do PSB (8%), o dirigente prefere a cautela.

“Eu acho que pesquisas um ano e dois meses antes da eleição não são de fato muito significativas. Não atribuo muita importância com tanta antecedência. Muita água vai passar debaixo da ponte, para o bem e para o mal”, avalia.

Ele adota o mesmo raciocínio sobre a aparente consolidação de Marina como principal força de oposição, diante da guerra interna do PSDB, entre Aécio e o ex-governador José Serra.

“Estamos em agosto de 2013 e a eleição é em outubro de 2014. Se a eleição fosse em outubro deste ano a pesquisa seria indicativa de que o segundo turno seria entre Dilma e Marina, mas é daqui a um ano. Não dá para saber. É tão simples quanto isso”, afirma.

Sobre a divisão do PSDB em si, Sirkis entende que pode render frutos a uma eventual candidatura de Marina, mas com uma ressalva. “Sim, pode beneficiar a Marina, mas também o Eduardo Campos e até a Dilma indiretamente, de alguma forma. A transferência de votos não se dá a partir de parâmetros muito definidos.”

Sirkis condena o que chama de antecipação das eleições de 2014. “Foi uma tragédia para o Brasil, muito ruim. Quando tem campanha eleitoral, os governadores começam a brigar com os prefeitos, o governo federal começa a boicotar para beneficiar um determinado prefeito, o governador começa a ser boicotado, ninguém mais assina convênio, qualquer atitude administrativa que alguém tem de tomar passa por um filtro eleitoreiro”, reclama. “A presidente Dilma resolveu começar essa campanha eleitoral no início deste ano. Por isso que eu falo: vou lançar um movimento de preservação dos anos ímpares”, ironiza o parlamentar.