Oposição volta a travar relatório da CPMI do Cachoeira por Policarpo e Gurgel

Expectativa é de que o relatório seja finalmente votado na próxima terça-feira (18) (Foto:Alexandra Martins/Agência Câmara) São Paulo – Uma série de antigas divergências voltou a surgir hoje (11) e […]

Expectativa é de que o relatório seja finalmente votado na próxima terça-feira (18) (Foto:Alexandra Martins/Agência Câmara)

São Paulo – Uma série de antigas divergências voltou a surgir hoje (11) e barrou a votação do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. Opositores ao trabalho do relator, Odair Cunha (PT-MG), afirmaram que ainda não haviam sido suprimidas as referências ao procurador geral da República, Roberto Gurgel, e ao jornalista da revista Veja Policarpo Júnior, acusado de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. 

“Erros materiais” foi o nome utilizado dentro da comissão do Congresso para definir o texto apresentado por Cunha, que não fez as supressões exigidas por parlamentares de PSDB, PPS, DEM e PMDB. Um grupo de deputados e senadores apelidado de “bancada da Veja” barrou durante os últimos meses a convocação de Policarpo sob o argumento de respeito à liberdade de imprensa, e vem agora trabalhando para evitar que o relatório final inclua um pedido de indiciamento do diretor da sucursal de Brasília da revista do Grupo Abril.

A expectativa, agora, é de que o relatório seja finalmente votado na próxima terça-feira (18), quando faltarão apenas quatro dias para o fim regimental da comissão. “Havendo decisão política, o tempo é o menos importante; neste momento atual, as forças não estão constituídas”, afirmou Odair Cunha.

Durante a sessão de hoje foram detalhados os cinco votos em separado ao relatório. Os textos de DEM, PSOL, PSDB, PPS e do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) pedem, em linhas gerais, o indiciamento de mais agentes públicos e privados supostamente ligados a Cachoeira e uma investigação mais aprofundada dos contratos da Delta Construções, vencedora de licitações públicas em vários estados. “Muito do que foi apresentado nos votos em separado e sugerido pelos parlamentares já está no meu relatório, que englobou tudo o que foi investigado pela CPMI”, disse o relator. 

Opositores

Frente à oposição de alguns parlamentares, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou que o melhor seria esperar mais uma semana para fazer a votação final. Para o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), as cinco mil páginas do relatório foram redigidas de “forma improvisada”. O também tucano Domingos Sávio (MG) protestou contra a manutenção do pedido de  indiciamento do jornalista Policarpo Junior.

O primeiro voto em separado apresentado na reunião de hoje foi do líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR). Com 73 páginas, ele pede abertura de inquérito para apurar a relação do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da construtora Delta com cinco governadores: Agnelo Queiroz (PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Siqueira Campos (PSDB-TO), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sinval Barbosa (PT-MT). Desses, apenas Perillo foi citado com o pedido de indiciamento no relatório “oficial”.

O voto em separado do PSOL foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (AP). Ele também pede o indiciamento dos governadores Agnelo Queiroz, Sérgio Cabral e Siqueira Campos, além do secretário de Relações Institucionais do Tocantins, Eduardo Siqueira Campos, e do deputado federal Sandes Júnior (PP-GO). “Este era um direito que a CPMI não tinha: de não quebrar o sigilo das empresas ligadas à empreiteira Delta”, disse.

Já o DEM, entre outras coisas, pediu investigação das relações da Delta com o governo do Rio de Janeiro. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que apresentou o voto em separado, classificou o relatório de Cunha de “chapa branca”. “Tenho que, tristemente, chamar o relatório de chapa branca. De maneira clara, buscou proteger e salvaguardar outros interesses, alguns localizados no estado do Rio de Janeiro e relativos ao governo federal, e que acabaram trazendo à luz, no depoimento do senhor Antonio Pagot [ex-diretor do Dnit], o cometimento, na minha visão, de crime.”

Com informações da Agência Câmara e da Agência Senado.