No limite do prazo, pré-candidatos fazem dança de cadeiras partidária

Até esta sexta-feira é preciso ter definido a legenda pela qual os candidatos vão disputar a eleição de 2010

Dança das cadeiras de lideranças políticas envolve parlamentares, ministros e empresários (Foto: Montagem Rede Brasil Atual)

Um ano antes do primeiro turno das eleições de 2010 termina o prazo para filiação ou mudança de partido para pessoas interessadas em se candidatar. O resultado é que deputados, senadores e lideranças da sociedade civil correm para se vincular a alguma legenda para se tornarem aptos da disputa.

Com tanto ou mais destaque do que as mudanças de lideranças políticas de diferentes partes do país, há a movimentação de ex-atletas e, principalmente, ex-jogadores de futebol. Eles aproveitam a fama e os fãs do esporte para arrebanhar votos.

 

Uma das mudanças de maior peso envolve o deputado federal Ciro Gomes (PSB), pré-candidato a Presidência da República. Eleito pelo Ceará com a maior proporção de votos do país em 2006, Ciro mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo. Tudo porque o presidente Lula defende, nos bastidores, que o ex-ministro da Integração Regional entre em outra corrida, a de governador de São Paulo, para enfrentar uma hegemonia do PSDB que dura quatro mandatos.

Além de Ciro, o partido ganhou outros reforços em São Paulo. O vereador pela capital Gabriel Chalita, ex-secretário de Educação do estado, deixou o PSDB, onde era um dos principais nomes do grupo político do ex-governador Geraldo Alckmin, para se unir ao PSB. Interessado no Senado, ele pode ainda ser uma alternativa ao Executivo estadual.

Outra opção dos socialistas paulistas é mais surpreendente. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), anunciou que faz parte dos quadros do PSB. Skaf não esconde o desejo de disputar o Palácio dos Bandeirantes. Uma chapa tendo como vice o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, chegou a ser proposta pelo deputado Márcio França (PSB-SP) ainda em 2007, mas as conversas não evoluíram.

Com bem menos prestígio, empresário Ivo Rosset e a psicanalista Eleonora Rosset aderiram ao PT. À frente do Grupo Rosset, dono da Valisère, Rosset comanda um parque industrial de quatro fábricas cujo destaque é a produção de lingerie.

Outro empresário definiu por onde pode disputar a eleição do ano que vem. Na quarta-feira (30), O presidente da Natura, Guilherme Leal, se filiou ao PV. Cotado para ser vice da senadora Marina Silva (PV-AL), ele foi ladeado por outros 14 empreendedores na cerimônia de filiação.

Parlamentares

Aliás, a própria ex-ministra do Meio Ambiente havia feito sua migração. Ela deixou o PT, partido em que militou por 30 anos, para tentar fortalecer uma legenda com uma proposta ambientalista forte.

Além de Marina, o senador Mão Santa (PI) trocou o PMDB pelo PSC, enfraquecendo a ala oposicionista dentro do partido no estado. O movimento foi acompanhado pelo ex-governador do Distrito federal, Joaquim Roriz, na mesma solenidade. Sem espaço para disputar novamente o cargo, Roriz aposta na legenda alternativa.

Também deixou o PMDB a deputada Rita Camata (ES). Depois de 27 anos, ela se filiou ao PSDB. Flávio Arns (PR), que havia deixado o PT após o posicionamento da bancada pelo arquivamento de representações contra o presidente do Senado José Sarney, migrou para o oposicionista PSDB.

Outros deputados que saíram dos seus partidos são Manuel Junior (PB), que deixou o PSB e ingressou no PMDB; Geraldo Pudim (RJ), que saiu do PMDB para entrar no PR; Marcondes Gadelha (PB), que saiu do PSB para ingressar no PSC; Luiz Bassuma (BA) que deixou o PT e deverá se filiar ao PV; Jorge Hilton (MG) saiu do PP para se filiar ao PRB. Do DEM saíram os deputados Robson Rodovalho (DF) e Nilmar Ruiz (TO).

O ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, filiou-se na terça-feira (29), ao PSDB, de olho no Senado pelo Maranhão.

Governo

Dois “veteranos” no governo Lula também definiram suas legendas, mas afirmam publicamente não serem candidatos. Henrique Meirelles, presidente do Banco Central desde 2003, filiou-se ao PMDB goiano. Eleito deputado federal em 2002, ele deixou o cargo e seu então partido, o PSDB, para aceitar o convite do governo para comandar a instituição.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, filiado no passado ao PMDB, juntou-se às hordas do PT, em decisão comemorada pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini (SP).