Escândalo

Michelle Bolsonaro recebeu no mínimo R$ 60 mil em 2022. Ex-primeira dama assume protagonismo em escândalo

Ao todo, foram registradas 45 transações destinadas à conta de Michelle. Suspeitas envolvem escândalo das joias, Mauro Cid e o ex-presidente

Fernando Frazão / Agência Brasil
Fernando Frazão / Agência Brasil
Michelle tem envolvimento em boa parte dos esquemas e escândalos envolvendo crimes como peculato (enriquecimento ilícito) e descaminho que circundam a cúpula bolsonarista

São Paulo – Documentos obtidos pela CPI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro revelam que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu no mínimo R$ 60 mil por meio de depósitos fragmentados durante o ano de 2022. Ao todo, foram registradas 45 transações destinadas à conta de Michelle. Esses depósitos foram efetuados em espécie, utilizando envelopes, o que complica a rastreabilidade da proveniência dos recursos.

Após ser contatada pelo portal g1, a equipe de assessoria de Michelle divulgou comunicado refutando qualquer irregularidade. Os registros dos depósitos foram localizados nos e-mails dos auxiliares de ordem do então presidente Jair Bolsonaro (PL), os quais realizavam as transferências, digitalizavam os recibos e os encaminhavam para suas próprias contas de e-mail profissionais. Notavelmente, oito desses e-mails estavam armazenados na pasta de mensagens excluídas.

Em todos os casos em que os montantes foram divididos, os depósitos foram realizados com um intervalo de minutos. Ou seja, ao invés de efetuar uma única transação de, por exemplo, R$ 7,7 mil, a pessoa responsável pelo depósito optou por fracionar o valor em oito depósitos, cujas quantias variaram entre R$ 800 e R$ 900.

As cópias digitalizadas dos recibos foram identificadas nas caixas de entrada de Osmar Crivelatti, Cleiton Holzschuk e Adriano Teperino, todos eles militares que prestaram assistência a Bolsonaro. Em investigações anteriores, a Polícia Federal considerou este padrão de depósitos como um possível sinal de tentativa de evitar eventuais averiguações e como indício de que os recursos poderiam ter origem questionável.

Papel da ex-primeira-dama

O fato é que Michelle tem envolvimento em boa parte dos esquemas e escândalos envolvendo crimes como peculato (enriquecimento ilícito) e descaminho que circundam a cúpula bolsonarista. No meio desse esquema está Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, preso por envolvimento em supostos crimes diversos, como fraudes e também nos crimes já citados, a mando de Bolsonaro.

Em entrevista à GloboNews concedida no início da tarde desta sexta-feira (18), o advogado de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, falou sobre Michelle brevemente. Apesar de tergiversar sobre as graves acusações de Cid de que Bolsonaro e a primeira-dama são mandantes claros de esquemas de joias, o advogado Cezar Bittencourt chegou a dizer que, “de repente”, Cid poderia ter feito algo “para cumprir os caprichos da primeira-dama”.

Arrogância

Também hoje, Michelle optou por utilizar suas plataformas de mídia social para ironizar a aprovação da solicitação de quebra de seu sigilo fiscal e bancário. Essa medida, requerida pela Polícia Federal, foi concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante a noite de ontem. Cabe destacar que essa medida de quebra de sigilo também engloba o ex-presidente Bolsonaro.

Essas ações de quebra de sigilo surgem no contexto da investigação relacionada ao desvio de presentes recebidos em ocasiões de viagens oficiais pelo governo do ex-capitão. Michelle falou sobre o caso com arrogância. “Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e me fazer desistir. Não conseguirão! Estou em paz (…). Pra que quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir! Quem não deve, não teme”, disse, em demonstração de temor aos próximos passos da Justiça.


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