Fora dos trilhos

Metrô nega relação entre reforma de trens e incidentes no sistema

Companhia está apurando causas do problema e diz que antes do término dos trabalhos 'qualquer afirmação sobre as causas é prematura e irresponsável”

São Paulo – Em nota enviada à RBA, a Companhia do Metrô de São Paulo nega que as reformas pelas quais estão passando os trens da Linha 3-Vermelha tenham relação com problemas técnicos e incidentes, como o que ocorreu na última segunda-feira (5), quando um trem descarrilou entre as estações Barra Funda e Marechal Deodoro.

A resposta da assessoria se refere à matéria Reforma bilionária sob investigação pode estar na origem de incidentes no Metrô-SP, publicada ontem.

“A maioria expressiva das falhas registradas nos trens da Companhia do Metrô, sejam esses trens novos, já modernizados ou programados para futura modernização, é problema nos sistemas de portas, iluminação, som e ventilação/ar condicionado, que não compromete a segurança dos usuários e que, em muitos casos, é resolvida durante a viagem dentro do horário comercial com a pronta intervenção das equipes de manutenção”, afirma o Metrô.

Segundo a empresa, a Comissão Permanente de Segurança está apurando as causas do incidente com o trem da chamada Frota K. A comissão tem prazo de 30 dias para determinar as causas do incidente. “Enquanto os trabalhos não forem concluídos, qualquer afirmação sobre as causas é prematura e irresponsável”, diz a nota.

Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Paulo Pasin, o incidente foi causado por uma falha no truque (sistema composto por rodas, tração, frenagem e rolamentos do trem). “Um truque ter um problema como esse nunca aconteceu na operação comercial do metrô”, disse Pasin. “O problema que ocorreu vem da reforma, não da manutenção.”

Os quatro contratos que regem as reformas de 98 trens das linhas 1-Azul e 3-Vermelha, assinados em 2009, somam R$ 1,8 bilhão, e, segundo o sindicato, estão sob investigação do Ministério Público.

O Metrô afirmou também que “não tem qualquer fundamento a informação quanto ao valor de modernização dos trens”. Segundo a companhia, “nos contratos firmados pelo Metrô de São Paulo, a modernização de um trem não ultrapassa 60% do preço total de um trem recém-fabricado”. Segundo o sindicato, esse valor chega a 83%.

Na terça-feira (6), o procurador Marcelo Milani disse que o contrato está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo.