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Mantega diz que PIB revisado vai alterar indicação sobre desempenho da economia

Ministro se manteve esperançoso quanto à revisão do desempenho da economia brasileira e declarou ter sido contrário à compra da segunda metade da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras

Antonio Cruz/agência brasil

Mantega comparou as condições estáveis de trabalho no Brasil com o elevado índice de desemprego na UE

São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou hoje (14) que a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil – que será divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda este mês – alterará a indicação sobre o desempenho da economia brasileira. Em abril, o FMI reduziu as estimativas de crescimento do Brasil para 1,8% este ano.

Mantega não antecipou o resultado que será divulgado, mas se manteve esperançoso. Ele reforçou que, desde 2007, o Brasil cresceu 17,7%, e que o país tem economia sólida e com grande volume de reservas internacionais, que o tornam apto a enfrentar crises externas.

“Não se sai com facilidade de uma crise do tamanho da que nos acometeu. Mas o Brasil está com uma previsão diferente do Fundo Monetário Internacional [FMI]”, disse durante audiência nas Comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Apesar de admitir que a indústria foi o setor mais afetado pela crise econômica mundial, iniciada em 2008, o ministro argumentou que a produção industrial cresceu 2,3% no último período. O resultado representa o quinto maior crescimento entre os países do G20. “É menos do que média histórica, mas o resultado pela circunstância é satisfatória. Tivemos ainda um excelente desempenho da agricultura, entre outras coisas”.

Ele ainda comparou as condições de trabalho no Brasil, que se mantiveram estáveis, com o elevado índice de desemprego em países da União Europeia, como Espanha e Grécia. “A situação e o nível dos trabalhadores não se deterioraram durante a crise, coisa que aconteceu em outros países. Houve redução da pobreza e as condições de vida dos trabalhadores melhoraram ao longo do tempo”.

Desde maio do ano passado, a economia mundial tornou a sofrer turbulências internacionais com o anúncio do Federal Reserve (Fed) – o Banco Central dos Estados Unidos – de uma redução mensal de US$ 10 bilhões do pacote de estímulos econômicos na economia norte-americana, com a melhoria no cenário local. Entretanto, para Mantega, o mercado já havia antecipado as reações às mudanças no fluxo de capitais e foi capaz de absorver o impacto da operação do Fed.

“Isso fez com que os recursos dos mercados emergentes deixassem esses países e fossem em busca de melhores resultados nos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Os analistas apressados queriam decretar finados os países emergentes. Houve uma calmaria nos mercados mundiais com a volta do fluxo de capitais aos mercados, com patamares melhores. A taxa de câmbio voltou ao normal e estabeleceu-se uma certa tranquilidade. Não deixamos de receber investimentos estrangeiros diretos. Então, o Brasil manteve-se como um dos maiores receptores de investimentos diretos do mundo”, avaliou.

Petrobras

O ministro declarou que foi contrário à aquisição da segunda metade da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, alvo de acusações por parte da oposição a Dilma Rousseff. “Na época da aquisição, eu não fazia parte do conselho e nem era ministro da Fazenda, mas tenho certeza que houve um resumo executivo e houve um debate. Estava no conselho quando fizeram na segunda metade e fui contra a aquisição. O conselho não aprovou a segundo parte a partir dos resumos executivos”, disse.

Mantega, no entanto, lembrou que na aquisição da primeira parte da refinaria o conselho de administração da empresa era formado por executivos como os empresários Jorge Gerdau Johannpeter, Fábio Barbosa e o economista Cláudio Haddad.“O mercado em 2006 era diferente de 2008. As demandas eram diferentes. A Petrobras com justa razão queria uma entrada no mercado americano com o petróleo sendo refinado nos Estados Unidos. Mas na ocasião não considerei conveniente. Está nas atas. Fomos obrigados a comprar pelo tribunal de arbitragem.”

O ex-procurador Geral da Fazenda Nacional, Luiz Inácio Adams, hoje na Advocacia Geral da União, teria advertido, em 2008, a então secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, sobre as cláusulas que causaram prejuízos que ultrapassam R$ 1 bilhão a Petrobras na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Mantega disse que, em virtude da recomendação de Adams, determinou à época uma ressalva na ata de compra. “Foi feita a verificação sobre a cláusula Marlin, com garantia mínima no caso em que fosse adaptada a refinaria para receber o petróleo brasileiro. Eu indagava se havia prejuízo para a empresa, mas a cláusula não entrou em vigor”, afirmou.

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