Novas suspeitas

Laudo comprova fraude na assinatura de venda de mansão no Rio a amigo de Flávio Bolsonaro

Advogado Willer Tomaz, amigo de Flávio Bolsonaro, afirma que representante de empresa lhe vendeu mansão em Angra dos Reis, mas ela nega e diz ter sido enganada para assinar o documento

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Reportagem mostra que após Flávio Bolsonaro se encantar com a mansão em ilha, seu amigo Willer Tomaz entrou na Justiça contra a empresa do jogador Richarlison para brigar pela posse do imóvel

São Paulo – Um laudo adicionado ao processo de disputa de posse de uma mansão em Ilha Comprida, Angra dos Reis (RJ), comprova que foi fraudada a assinatura de Maria Alice Menna, de 78 anos, dona da M Locadora, empresa que tinha o registro de direito de uso da propriedade. Desde julho, a dona de casa, viúva de um dos antigos donos da empresa, denuncia ter sido enganada para assinar o documento que deu a posse da mansão ao advogado Willer Tomaz. O caso foi revelado no último dia 28 pela coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles. De acordo com a publicação, a mansão foi vendida em 2020 para a Sport 70, empresa do jogador da Seleção Brasileira Richarlison e de seu empresário, Renato Velasco. Em maio deste ano, porém, a Justiça, em decisão liminar, transferiu a posse do imóvel para o advogado, que é amigo de Flávio Bolsonaro. 

Tomaz entrou na briga pela casa há dois anos, desde quando o filho do presidente se encantou pela mansão. Ainda em 2021, o advogado chegou a tentar comprá-la da mesma pessoa que a vendeu para a empresa de Richarlison. Sem sucesso, a partir daí, Tomaz deu início a uma série de investidas para se tornar dono da propriedade, o que tem levado a uma batalha judicial cheia de episódios dramáticos, incluindo esse de denúncia de fraude na assinatura do documento. 

Laudo mostra fraude

Laudografotécnico, anexado ao processo judicial, comprova que houve fraude na assinatura de Maria Alice Menna, viúva de um dos antigos donos da M Locadora

Conforme mostra a reportagem, o advogado alega no processo que Maria Alice Menna teria transferido todos os direitos da empresa para Donato Galvez, que tem 44% da M Locadora. O sócio teria concordado em vender o imóvel em Angra para Tomaz. Mas a proprietária nega que tenha aberto mão de seus direitos na empresa. E, em petição, ela cobra na Justiça a anulação de todo o processo jurídico que deu ao amigo de Flávio Bolsonaro a posse do imóvel. 

Em boletim de ocorrência, registrado em 18 de julho deste ano na Polícia Civil do Rio de Janeiro, Maria Alice detalha que Donato Galvez a teria ainda coagido a assinar documentos informando, vagamente, serem “algumas alterações contratuais” devido à morte dos sócios originais da M Locadora. Tanto Maria Alice como Donato são inventariantes da empresa. Alguns dias depois, Donato teria ido ao cartório autenticar outra alteração contratual que, contudo, não havia sido assinada por Maria Alice, mostra o boletim. 

Segundo ela, a 22ª alteração contratual, que transferiu a posse da mansão para Willer Tomaz, foi apresentada ao cartório com uma assinatura falsa de Maria Alice. O que ficou comprovado, de acordo com o laudo grafotécnico. “Donato fez a alteração contratual com o fim de obter para si vantagem ilícita em prejuízo da depoente (Maria Alice), a induzindo e a mantendo em erro, mediante artifício fraudulento”, destacam seus advogados. 

As suspeitas

Para a Justiça, o amigo de Flávio Bolsonaro contou que sua empresa, a WT Administração, havia pagado R$ 2 milhões de pendências fiscais e administrativas da M Locadora, em troca da transferência do bem. Os pagamentos aconteceram, segundo o advogado, por meio de um “contrato de sub-rogação”, que tornara a WT Administração credora da M Locadora. Em tempo recorde, superando toda a burocracia usual, a empresa de Tomaz ainda conseguiu, em 11 de julho deste ano, a regularização do cadastro do imóvel na Secretaria do Patrimônio da União. 

A reportagem mostra que o advogado é influente em Brasília, próximo de dezenas de parlamentares para os quais seu escritório atua.

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