Justiça barra candidatura do vereador cassado Gabriel Monteiro a deputado
Mesmo depois de cassado após crimes como estupro e assédio sexual, youtuber ligado ao MBL tenta vaga na Câmara pelo partido de Bolsonaro
Publicado 31/08/2022 - 20h52
São Paulo – O ex-vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PL) não poderá disputar o cargo de deputado federal em outubro. O político do partido do presidente Jair Bolsonaro foi cassado no dia 18 de agosto por quebra de decoro após seguidas denúncias de estupro, assédio sexual e assédio moral. Monteiro também utilizou de seu cargo para alavancar seu canal monetizado no YouTube.
Mesmo cassado e com direitos políticos suspensos por oito anos, o apoiador de Bolsonaro entrou com registro de candidatura para a Câmara. Contudo, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) decidiu que ele não poderá concorrer. Os desembargadores do tribunal decidiram por seis votos a um. O colegiado também determinou que Monteiro deve devolver imediatamente os recursos arrecadados com o Fundo Eleitoral.
Voto dissonante
As decisões vieram após pedido de impugnação da candidatura, feita pelo deputado federal André Barros (Psol-RJ) e pelo Ministério Público Eleitoral. Ainda cabe recurso junto a Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os desembargadores argumentaram que caberia à Justiça aceitar a decisão soberana do Legislativo municipal. Votaram favoráveis os desembargadores Luiz Paulo Araújo, Kátia Junqueira, Afonso Henrique Ferreira Barbosa, André Lopes, João Ziraldo e Elton Leme. O único contrário foi Tiago Santos.
De acordo com apuração da Revista Fórum, o único magistrado que votou contra a maioria seria próximo do senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos).
Antes de ingressar na Câmara dos Vereadores, Monteiro ganhou fama como youtuber ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL). À época, ele era policial militar no Rio de Janeiro e, em seu canal, mostrava o dia a dia de seu trabalho com tons sensacionalistas. Ele foi o terceiro vereador mais votado da cidade, e hoje responde na Justiça a crimes que vão de abuso de uma menina de 15 anos a até a imposição de que seus assessores tinham que assistir a vídeos em que ele praticava relações sexuais.