Consequências

Justiça abre mutirão de audiências de custódia de bolsonaristas presos por terrorismo em Brasília

Levantamento do CNJ mostra que, ao todo, 1.418 bolsonaristas permaneciam presos até essa quarta (11), após serem detidos no acampamento e nos atos golpistas, em Brasília. Uma força-tarefa foi montada para fazer exames e vacinar contra doenças

Marcello Casal Jr./ABr
Marcello Casal Jr./ABr
Nas audiências de custódia, os juízes deverão analisar a "regularidade de flagrante" dos golpistas presos durante os atos terroristas e no acampamento golpista

São Paulo – O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) iniciou, nessa quarta-feira (11), um mutirão para fazer as audiências de custódia de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presos durante os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no domingo (8), e no acampamento golpista que estava montado em frente ao Quartel-General do Exército, também na capital federal. 

Para essa quarta, de acordo com o TJ, eram esperadas 64 audiências de custódia. A previsão é que o processo seguisse nesta quinta (12), ouvindo outras 213 pessoas. Até o momento, no entanto, a Corte não informou, segundo reportagem do portal G1, quantas pessoas permanecem presas e quantas foram liberadas nas audiências. Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado ontem, indicava que, ao todo, 1.418 golpistas bolsonaristas permaneciam presos por envolvimento na invasão e depredação do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF). 

No caso dos homens, eles foram enviados para o Centro de Detenção Provisória da Papuda. Enquanto as mulheres foram encaminhadas para a Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia. Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que, ao chegar na prisão, os bolsonaristas passaram ainda por um processo de triagem médica. Uma força-tarefa foi montada para fazer exames nos detidos, vaciná-los contra doenças como a covid-19, nos casos em que houver necessidade, e tomar nota daqueles que têm algum tipo de comorbidade ou fazem uso de algum medicamento regulado. 

Audiências analisarão flagrante

A próxima fase da detenção é a tomada de audiência com cada detento. Segundo o Tribunal de Justiça, esse trabalho será realizado de forma virtual, das 8h às 19h, e ocorrerão também aos finais de semana. Um juiz, um promotor e um advogado de defesa acompanharão o acusado nas sessões que costumam levar, em média, cerca de 20 a 30 minutos. 

São esperadas cerca de 30 magistrados no mutirão, para acelerar a tomada de depoimentos. Eles serão concedidos em ambientes da prisão conhecidos como “parlatórios”. 

Ainda ontem, a Polícia Federal terminou o processo de triagem no ginásio da Academia Nacional da corporação. De acordo com a PF, 684 pessoas foram soltas por “questões humanitárias”. Nesse caso, tratam-se de pessoas idosas, com problemas de saúde, ou em situação de rua e mães acompanhadas de crianças. 

A partir de agora, nas audiências de custódia, os juízes deverão analisar a “regularidade de flagrante” dos golpistas presos. Segundo orientação do ministro do STF Alexandre de Moraes, os pedidos de liberação serão de competência da Suprema Corte. 

Prejuízos

Segundo cálculos preliminares, o prejuízo ao patrimônio público pelo terrorismo, apenas na Câmara dos Deputados, é de mais de R$ 3 milhões. Em relatório preliminar, a Casa informou ontem (10) que foram destruídos 400 computadores (prejuízo de R$ 2,138 milhões) e 40 impressoras, além de aparelhos de redes de dados depredados, totalizando R$ 225 mil.

Com a destruição de duas viaturas, contabilizam-se mais R$ 500 mil de prejuízo. O documento da Câmara soma ainda perdas de R$ 100 mil em vidros diversos e R$ 20 mil em tapeçaria. As estimativas no Senado vão de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões.