Margareth Menezes fala em memorial para lembrar ataque em Brasília
Unesco oferece ajuda para restauração de peças destruídas. Relógio do século 17 talvez esteja perdido para sempre
Publicado 10/01/2023 - 19h05
São Paulo – A estimativa de danos ao patrimônio cultural depois dos ataques de domingo (8) ainda não foi feita, mas a ministra da Cultura, Margareth Menezes, lançou a ideia de um memorial. “A ideia é criar um memorial sobre essa violência que sofremos, para que nunca mais ocorra novamente. Isso é um tesouro artístico e do povo brasileiro”, afirmou, em entrevista coletiva após percorrer o Palácio do Planalto ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.
Uma das peças que pode estar definitivamente perdida é um relógio de pêndulo do século 17. Presente da Corte Francesa para dom João VI, da família real portuguesa. Chegou ao Brasil em 1808, e foi feito por Balthazar Martinot, o relojoeiro de Luís XIV. Há apenas dois relógios dele – o outro está no Palácio de Versalhes. “O relógio é o mais sensível ainda (de todos os itens depredados). Ele está muito danificado”, disse a ministra.
Segundo ela, ainda não foi possível estimar os danos porque muitas áreas estavam fechadas para a perícia policial. Técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pediram prazo pelo menos até a próxima quinta-feira (12).
Tela de Di Cavalanti perfurada
A imagem mais conhecida dos ataques, até agora, é da tela As Mulatas, de Di Cavalcanti. É a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto, no terceiro andar, encontrada com sete perfurações.
Foi organizada uma força-tarefa, com especialistas do Iphan e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), para recuperar peças destruídas pelos terroristas bolsonaristas. Margareth Menezes também recebeu telefonema de Marlova Noleto, diretora no Brasil da Unesco. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura se colocou à disposição para ajudar nos trabalhos de restauração.