Haddad diz que ‘oportunistas’ querem jogar população contra sem-teto e poupa Alckmin
Um dia após a violenta reintegração de posse de edifício abandonado no centro de São Paulo, prefeito defende movimentos de moradia popular, mas evita criticar ação da Polícia Militar
Publicado 17/09/2014 - 15h01
Haddad visitou o Clube de Regatas Tietê nesta quarta-feira (17). O local será reinaugurado neste sábado
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu na manhã de hoje (17) o direito dos movimentos populares de lutar por habitação na cidade, um dia após o violento despejo de centenas de famílias, organizadas sob a Frente de Luta por Moradia (FLM), que ocupavam havia alguns meses o antigo Aquarius Hotel, na avenida São João, no centro da capital. Contudo, Haddad acredita que “oportunistas” têm se aproveitado de situações com potencial de confrontação com a Polícia Militar para provocar confusão.
Durante vistoria às obras do Centro Esportivo e de Lazer Tietê, na zona norte da cidade, Haddad evitou opinar quando interpelado sobre a truculência da Polícia Militar durante e após a ação de ontem (16). “Cabe ao governo do estado comentar a ação da polícia, porque a polícia é um órgão do governo do estado. Ela não é subordinada a mim. Assim como o governador do estado, acho, não faz comentários sobre as pessoas que são subordinadas a mim, não é de bom tom fazer comentários sobre pessoas subordinadas a ele.”
Para Haddad, o que aconteceu é que outras pessoas estranhas ao movimento de moradia se valeram da oportunidade para criar aquela situação “que ninguém deseja”. “Isso é muito ruim. O movimento tem que compreender que não deve deixar ser utilizado por esses oportunistas”, disse o prefeito.
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O prefeito sustentou que “não tem cabimento resistir a uma decisão” do Judiciário. “Repudiamos toda e qualquer forma de violência. Agora, a decisão judicial tem que cumprir.”
Segundo Haddad, a prefeitura municipal está investindo recursos em desapropriações pela cidade, mas considerou “extremamente exorbitante” o valor estipulado para o antigo Aquarius Hotel, em torno de R$ 40 milhões. “Levamos ao movimento nossa preocupação e dissemos que o valor fixado pela Justiça é incompatível com as possibilidades de prefeitura. Nós estamos investindo R$ 500 milhões em desapropriações, mas para produzir 55 mil moradias. Não dá para gastar R$ 40 milhões num prédio. Respeito o laudo pericial, mas não tem como arcar com um gasto desses para um prédio no centro de São Paulo. E eles (ocupantes) sabiam disso.”
O prefeito ainda citou que o município está recebendo vários prédios do INSS, dados como pagamento de uma dívida do INSS com a prefeitura, está investindo R$ 400 milhões em PPPs do governo do estado de São Paulo e está tentando aprofundar o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. “Nós estamos, de certa forma, colhendo os frutos por não ter aderido com força ao programa. Só que o município já está tomando as providências. Tem 50 mil imóveis sendo licenciados para a população de baixa renda. E nós aprovamos um novo Plano Diretor que dobrou a área de Zeis (Zonas Especiais de Interesse Social) na cidade de São Paulo dedicadas para moradia”, finalizou.