Empresas e pesquisadores consideram positiva a polêmica entre institutos

Representantes de associações de institutos e de profissionais de coleta de dados minimizam divergência de resultados entre institutos e defendem busca por acerto

São Paulo – Associações de institutos de pesquisa e de profissionais que trabalham na coleta e processamento de dados consideram normais as divergências de dados entre levantamentos. Em entrevistas à Rede Brasil Atual, os representantes consideram até positiva a polêmica gerada entre diretores do Vox Populi e Datafolha, por levar discussões técnicas aos meios de comunicação.

Para o vice-Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), Fernando Leite Ribeiro, mesmo interpelações judiciais são naturais. “Não há danos a reputações nos institutos, que seguem ativos e trabalhando”, avalia. “É natural que ocorram divergências, os resultados não coincidem no mundo todo, a variação não é alarmante”, pondera.

“Diferenças metodológicas podem levar a diferenças de resultados”, concorda Rubens Hannun, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado e Opinião e Mídia (ABPM). “A comparação de resultados de pesquisas só poderiam ser feitas se as questões fossem parecidas, assim como a técnica de seleção amostral e a época do estudo”, insiste.

Em abril e no fim de julho, diretores técnicos do Vox Populi e do Datafolha, inquiridos pela imprensa, manifestaram visões distintas e críticas entre si. Em abril, João Francisco Meira, do Vox Populi, disparou contra as acusações publicadas no jornal Folha de S. Paulo. No mês passado, Marcos Coimbra, também sócio do instituto mineiro, fez críticas à metodologia do Datafolha, cujo diretor, Mauro Palino, rebateu.

Tanto Ribeiro quanto Hannun consideram favorável o fato de as discussões metodológicas serem levadas à mídia. “A pesquisa segue crescendo aqui e no mundo e mais gente percebe que é importante trabalhar com esse instrumento”, avalia Ribeiro. Os questionamentos fazem parte, na visão do representante da Abep, do jogo democrático.

Sobre as acusações de lideranças políticas sobre os resultados das pesquisas, o Ribeiro lembra de momentos anteriores em que o tom das críticas foi mais áspero. “No Brasil, houve episódios dramáticos de acusação de má-fé”, lembra. “É natural que um político chegue a público para dizer que ‘a pesquisa é contra mim’, mas o leitor compara as acusações com os resultados. Ele (eleitor) não é tão ingênuo”, avalia.

Para Hannun, as acusações de viés na metodologia para favorecer este ou aquele candidato não procedem. “O que orienta a metodologia é querer acertar, é dar a informação correta”, sustenta. “O mercado de pesqusias é competitivo, o interesse do pesquisador e do instituto sério é apresentar uma informação o mais próximo do real”, sustenta.