Em entrevista ao SBT, Dilma afirma que campanha de Serra é leviana

A candidata ao Planalto Dilma Rousseff (PT), no estúdio do SBT Brasil (Foto: Roberto Nemanis/SBT) São Paulo –  A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira […]

A candidata ao Planalto Dilma Rousseff (PT), no estúdio do SBT Brasil (Foto: Roberto Nemanis/SBT)

São Paulo –  A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira (1º) que a campanha de seu adversário, José Serra, está conduzindo as eleições de uma maneira leviana. Em entrevista ao Jornal do SBT, a ex-ministra da Casa Civil lembrou que não há qualquer elemento para atribuir a ela a suposta violação, pela Receita Federal, de dados sigilosos de tucanos.

“Vamos aos fatos. Um procurador vai à Receita Federal com o reconhecimento de firma de um documento que a Receita não tem como saber se é falso ou não, pede as declarações e elas foram entregues. A partir daí é que a Receita e a PF tem de investigar profundamente e tomar as providências devidas, fazendo apuração rigorosa e punindo se for o caso.”

O apresentador do jornal, Carlos Nascimento, informou durante a entrevista que o PSDB ingressou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a petista. Para os tucanos, há abuso de poder político e uso da máquina pública no episódio. Os advogados solicitaram que a Justiça Eleitoral investigue o caso em conjunto com a Justiça Federal e que tenham acesso aos documentos da sindicância interna instalada pela própria Receita e às investigações na Polícia Federal.

“Não entendo as razões que levam o candidato da oposição a levar contra minha campanha uma acusação tão leviana. Uma acusação que não tem provas nem fundamentos. Temos de ter clareza. Isso foi feito em setembro de 2009. Minha campanha nem existia porque nem pré-candidata eu era. É preciso ter cuidado com leviandades e calúnias”, rebateu Dilma.

A ex-ministra lamentou que esse debate tire o foco da discussão de propostas importantes para a sociedade e apontou que “não é possível uma ilação dessa esfera”. O apresentor questionou se Serra não tem o direito de ficar indignado com os fatos e se não pesa sobre o PT, devido às eleições de 2006, a desconfiança de que fatos assim poderiam ocorrem.  

Dilma apontou que, se fosse seguir esse raciocínio, poderia ficar levantando fatos passados da história do PSDB, como a votação no Congresso da emenda que autorizou a reeleição no país, sobre a qual pesa a acusação de compra de votos, e o vazamento por senador tucano de dados sigilosos da Petrobras. “No partido do adversário são vazadores contumazes ou que não têm ética suficiente para lidar com isso”, enfatizou, destacando que é a maior interessada em que se concluam as investigações antes das eleições.

Propostas

O primeiro bloco da entrevista foi destinado ao debate de propostas. A candidata esclareceu que não pretende recriar a CPMF, como divulgaram alguns dos jornais de grande circulação nesta quarta-feira, mas encontrar uma nova fonte de custeio da saúde no Brasil. “Ninguém perde 40 bilhões de reais e acha que as coisas continuam iguais. Temos no Brasil uma oportunidade única. Vamos ter o aumento de arrecadação devido ao aumento do PIB. Esse aumento tem de ir prioritariamente para a saúde.”

Ao mesmo tempo, Dilma indicou o crescimento do salário mínimo, de menos de cem dólares para pouco mais de trezentos, como um dos pontos que sustentam o crescimento do país. Como havia feito anteriormente, ela prometeu manter a política de valorização do mínimo, sempre considerando a inflação do ano corrente somada à expansão do PIB de dois anos antes.

Questionada se há uma bolha de consumo e se existe necessidade de frear o acesso ao crédito, a petista foi taxativa: “Não existe da nossa parte a menor intenção de fazer isso. O crédito no Brasil saiu de 400 bilhões de reais em 2002 para um trilhão e 300 bilhões de dólares. É isso que fez do Brasil um país capaz de crescer 7% ao ano”.

Dilma evitou falar sobre a formação de seu ministério, argumentando que debater o tema antes de vencer as eleições seria um desrespeito ao eleitor. Questionada sobre a integração de Antonio Palocci ao gabinete, ela elogiou as qualidades do ex-ministro da Fazenda e lembrou que se trata de um dos coordenadores de sua campanha. A respeito de acusados de envolvimento no mensalão, a candidata ponderou que vai esperar o julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). “Seria muito interessante que esse julgamento se acelerasse porque, se não, vamos criar uma pena estranha. Uma pena chamada banimento político.”

A entrevista com Dilma Rousseff foi a segunda de uma série realizada pelo Jornal do SBT. Na segunda-feira (31), José Serra sentou-se à bancada. A próxima a ser entrevista é Marina Silva, nesta quinta-feira (2).