Transição

Edinho Silva: ‘Desmontar os palanques, pacificar e reunificar o país’

Ex-coordenador de comunicação da campanha de Lula aposta no diálogo com setores bolsonaristas não radicalizados para pacificar o país até a posse do novo presidente

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Edinho destacou discurso "histórico" de Lula em prol da conciliação nacional

São Paulo – Uma semana após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito para o seu terceiro mandato como presidente da República, é hora de “pacificar” o país. A avaliação é do prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, coordenador de comunicação da campanha vencedora. Enquanto bolsonaristas radicalizados ainda fazem manifestações de cunho golpista, Edinho afirma que é preciso reconhecer o resultado das urnas e fortalecer a democracia. Ao mesmo tempo, é necessário dialogar com os setores que apoiaram o atual presidente, Jair Bolsonaro, mas que rejeitam a violência empregada pelos mais radicais.

“Nós temos que dialogar com a sociedade. As eleições aconteceram os palanque precisam ser desmontados. A democracia tem que prevalecer, nós temos que reconhecer o resultado das urnas. É assim que funciona a democracia”, afirmou Edinho. “E nós temos que abrir canal de diálogo. Nós temos que dialogar com a outra metade da sociedade que não votou em nós.”

Entrevistado pelos jornalistas Cosmo Silva e Ana Rosa Carrara para o Revista Brasil TVT no último sábado (5), Edinho destaca que a pacificação e a estabilidade institucional são fundamentais para que Lula possa dar andamento à implementação do seu programa, com vistas a atender as demandas mais urgentes do país. Como prioridades da transição, o petista citou a busca por espaço orçamentário para garantir o novo Bolsa Família de R$ 600 e ganho real ao salário mínimo já para o ano que vem. O refinanciamento das dívidas das famílias e a retomada das políticas de preservação ambiental também estão no topo da agenda de transição, sob comando do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).

Maturidade na transição

Nesse sentido, Edinho celebrou o breve encontro entre Alckmin e Bolsonaro na última quinta (3), classificando como um raro “gesto de maturidade” do atual mandatário. “Nós queremos outros gestos de maturidade”, comentou. O petista lembrou que, em 2002, durante a primeira eleição de Lula, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não só apoiou a transição, como recebeu pessoalmente o líder petista recém-eleito.

“Esse é o cenário ideal”, disse Edinho. “Que o Bolsonaro reconheça Lula como presidente eleito e o receba para condução da transição. É isso que nós queremos. Porque, certamente, se isso for feito, a temperatura do país abaixa. Nós distensionamos politicamente o país, afastamos essas cenas de violência e de agressão. E assim o Brasil caminha para um ambiente normalidade, que é o ambiente que queremos que Lula tome posse”, afirmou

Disputando o imaginário

Nesse esforço para dialogar com setores que apoiaram Bolsonaro, Edinho aposta em uma comunicação “clara e transparente”, que aponte para um projeto de país mais inclusivo.

“Ou seja, nós temos que disputar culturalmente uma parcela da sociedade brasileira que por vários motivos apoiou o bolsonarismo. Isso vai ser feito com a política de comunicação adequada, que faça a disputa do Imaginário. A disputa dos sonhos, a disputa de modelo de sociedade que seja respeitosa, que respeite a nossa heterogeneidade, que respeite a nossa diversidade, que que respeite um país que foi construído em cima da diversidade.”

Para o coordenador da campanha petista, as forças progressistas não podem “dar de barato” que o Brasil é um país intolerante, “em hipótese alguma”.

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