Mistério

Diretor da Caixa é encontrado morto na sede do banco em Brasília

Sérgio Ricardo Faustino Batista, diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa, era próximo de Pedro Guimarães e atuava na apuração das denúncias de assédio sexual contra o ex-presidente

Bento Viana/Divulgação
Bento Viana/Divulgação
O caso está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal que suspeita, inicialmente, de suicídio

São Paulo – O diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa Econômica Federal, Sérgio Ricardo Faustino Batista, foi encontrado morto ao lado da sede do banco, no Setor Bancário Sul (SBS), em Brasília, na noite de ontem (19). A informação foi confirmada pela 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal. 

De acordo com a corporação, o caso segue em apuração “preliminarmente tipificado como suicídio, em razão da vítima ter sido encontrada já sem vida no lado externo do prédio sede da Caixa Econômica Federal”, informou. A polícia também está com o celular do funcionário para periciar o aparelho. A morte do executivo também foi confirmada nesta quarta (20) pela instituição financeira. Em nota, o banco manifestou pesar e disse que contribui para a apuração do caso. 

Ex-assessor de Guimarães 

O diretor era natural de Teresina, tinha 54 anos e havia ingressado na instituição em 1989, por meio de concurso público. Segundo informações encontradas no site do banco, Batista era graduado em Economia pela Universidade Católica de Brasília desde 1999. Antes de assumir a diretoria de Controles Internos por processo seletivo, em março, o diretor foi um dos assessores estratégicos do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, que deixou o cargo, no final de junho, após ser alvo de denúncias de assédio sexual e moral contra funcionárias e funcionários do banco.

As denúncias que vieram a público após reportagem do portal Metrópoles, em que cinco funcionárias denunciaram abordagens, toques e convites inconvenientes e desrespeitosos por parte do ex-presidente, Mas já estavam sob investigação desde dezembro pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).

Batista também tinha relação direta com o escândalo. A área por ele dirigida é a responsável pelo recebimento e acompanhamento das denúncias feitas por funcionários por meio dos canais internos da Caixa. Mas há a suspeita de que as denúncias de assédio, antes de terem sido apuradas, foram levadas à cúpula do banco, que é acusada de “abafar” os casos. 

As investigações só ganharam força após denúncias das funcionárias ao MPT. A Caixa também admitiu que elas já haviam sido apresentadas em maio nos canais internos.

“Gestão por medo”

Por meio de nota, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) lamentou a “tragédia” ocorrida e disse que acompanhará os desdobramentos do caso. A entidade também também prestou solidariedade à família, colegas de trabalho e amigos Batista.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, afirmou, no entanto, que a “gestão por medo” de Pedro Guimarães deixou os trabalhadores doentes. Ainda antes da eclosão dos escândalos envolvendo o ex-presidente, estudo encomendado pela Fenae revelou que seis em cada 10 funcionários da Caixa relataram terem sofrido assédio moral no ambiente de trabalho. “Mesmo que a Caixa esteja implementando mudanças, nós observamos que não há nada de novo”, ressaltou Takemoto.

Nesse sentido, a Fenae questionou mudança da nova gestão que passou para o Conselho de Administração a responsabilidade pela apuração das denúncias de assédio sexual e moral. “Nossa dúvida é se haverá isenção do Conselho para apurar essas denúncias, uma vez que dos sete membros, apenas um é escolhido pelos empregados e o restante, indicado pelo governo”. Por fim, a entidade voltou a pedir rigor na apuração dos casos.

Leia mais: Gestão de Pedro Guimarães na Caixa foi marcada por retaliações contra funcionários