Arapongagem

Dino manda investigar espionagem ilegal da Abin no governo Bolsonaro

Ministro da Justiça disse que tem provas da utilização ilegal de programa capaz de espionar até 10 mil pessoas por ano pelos seus celulares

Joédson Alves/Agência Brasil
Joédson Alves/Agência Brasil
Após reformulação, novo governo promete Abin atuando dentro da legalidade

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na tarde desta quarta-feira (15) que a Polícia Federal vai investigar o monitoramento de celulares feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Abin utilizou um programa secreto para espionar a localização de pessoas por meio do aparelho.

“Eu vou determinar hoje à Polícia Federal a abertura de uma investigação, em relação a essa denúncia sobre a Abin. Porque nós tivemos a comprovação do uso indevido de equipamentos”, afirmou o ministro, na saída do evento de lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

O jornal O Globo noticiou o escândalo nesta terça (14). De acordo com a reportagem, o sistema permitia, sem nenhum protocolo oficial, monitorar até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. “Bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a última localização conhecida do dono do aparelho”, destaca a publicação.

A ferramenta, chamada FirstMile, foi desenvolvida pela empresa israelense Cognyte. A Abin adquiriu o programa por R$ 5,7 milhões, sem licitação, no fim de 2018, ainda na gestão de Michel Temer. Nesse sentido, a agência confirmou que o contrato sigiloso para a sua utilização vigorou até 8 de maio de 2021.

No início do mês, o governo do presidente Lula decidiu retirar a Abin do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e passá-la ao comando da Casa Civil. Além disso, a presidência indicou ex-diretor-geral da PF Luiz Fernando Correa para o cargo de diretor-geral. Ontem, o ministro Rui Costa defendeu uma reformulação no órgão. “Posso dizer que, sob nova direção, haverá respeito a toda lei no trabalho da Abin.”


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