Dilma publica carta aos religiosos em que assegura não mexer na legislação sobre aborto

A pedido de líderes evangélicos, candidata redige mensagem para “deter a sórdida campanha de calúnias”

São Paulo – A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, redigiu uma carta para tentar pôr fim à campanha de boatos contra sua campanha. O documento, divulgado nesta sexta-feira (15) por líderes religiosos, é intitulado “Mensagem da Dilma” e corresponde ao que se esperava nos últimos dias, que é o desmentido em relação às posições da candidata sobre o aborto.

Dilma reafirmou que é “pessoalmente contra o aborto” e defendeu “a manutenção da legislação atual sobre o assunto”. A candidata assegurou que, se eleita, não tomará a iniciativa de propor a alteração de leis que tratem a respeito do tema, bem como “nenhuma iniciativa que afronte a família.”

A ênfase no respeito à vida e à família vem sendo o foco da campanha do segundo turno. Para a campanha petista, os boatos disseminados por líderes religiosos e por meio da internet são um dos motivos de as eleições não terem sido definidas no primeiro turno. Dilma perdeu muitos votos na semana anterior à primeira rodada de votação, quando ganhou força aquilo que foi classificado por líderes da base aliada como “boataria.”

Desde então, tanto a ex-ministra quanto o oponente, José Serra (PSDB), buscaram o apoio de líderes religiosos e a discussão de temas voltados à proteção da vida. Ambos focaram a questão nos primeiros programas na TV e no rádio neste segundo turno, além de participarem das comemorações da festa de Nossa Senhora Aparecida.

Agora, Dilma divulga a carta para pôr um “fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais”. Na mensagem, a candidata usa por diversas vezes expressões que remetem à religiosidade. No primeiro parágrafo, destaca que se dirige aos que sonham com “um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos”.

Boatos

É tão forte a avaliação dentro da campanha de que os boatos roubaram votos que foi montada uma espécie de “central” para desmentir as inverdades. Na página oficial de Dilma, o eleitor pode registrar o boato que recebeu ou esclarecer as reais posições da candidata.

São inúmeras as invenções. Há, por exemplo, criações sobre a atuação de Dilma durante a ditadura militar (1964-85). Há os boatos de fundo religioso, que passam por aborto, satanismo e chegam à atribuição à candidata da frase “Nem Cristo me tira a vitória.” A campanha chega a ser obrigada a desmentir a informação de que Dilma está proibida de entrar nos Estados Unidos.

Confira a lista de desmentidos aos boatos gerados até o momento.