Deputado denuncia cartilha sobre o mensalão; julgamento prossegue no STF

Rio de Janeiro – As maiores emoções do processo do mensalão hoje (9) se deram fora do Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de uma representação do deputado federal Cândido […]

Rio de Janeiro – As maiores emoções do processo do mensalão hoje (9) se deram fora do Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de uma representação do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). No plenário, foi apresentada a defesa do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, e de réus ligados ao PP, como os ex-deputados Pedro Corrêa e Pedro Henry e o ex-assessor do partido, João Cláudio Genu. Os três, ao lado do ex-deputado José Janene – já falecido – são apontados pela acusação como responsáveis pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Vaccarezza solicitou ao CNMP a abertura de investigações sobre a publicação de uma edição da cartilha “Turminha do MP”, destinada a jovens, que “explica o mensalão” no site do Ministério Público Federal. No material divulgado pelo MPF, há a explicação da denúncia sobre o “esquema de desvio de recursos e compra de apoio parlamentar ao governo do ex-presidente Lula”. A abordagem da cartilha, segundo o deputado petista, “não traz caráter educativo, informativo ou de orientação social”, ale, de conter “preconceitos e prejulgamentos de fatos que se encontram sob apreciação do STF”.

“Jornalistas que tiveram acesso à cartilha informaram que, apesar de produzida para a leitura de crianças e de conter material ilustrado, a historinha sobre o mensalão na “Turminha do MP” traz termos complexos como “engendrado” , “dissimuladas” e “vultosas”, entre outras, além de documentos originais do processo: “Isso não é para criança. Ele quer aparecer”, disse o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), fazendo referência ao procurador geral da República, Roberto Gurgel, chefe do MPF.

No STF, o advogado Marthius Lobato argumentou que Henrique Pizzolato, acusado de permitir o desvio de recursos de R$ 73 milhões da empresa Visanet para a agência DNA do publicitário Marcos Valério, não tinha poderes para tomar decisões relativas a pagamentos sem a concordância dos outros diretores do banco: “O diretor Henrique Pizzolato coordenava um comitê, o de administração da área que decide as ações de Marketing. Ultrapassada essa alçada, a decisão ia para o comitê de comunicação, ia para a diretoria do banco”, disse. 

Arguido pelo ministro Joaquim Barbosa sobre a origem dos recursos da Visanet, Lobato respondeu. “Cada banco tem a bandeira Visa, quando Vossa Excelência faz a compra, o percentual dessa compra vai para esse fundo. Por isso é eminentemente privado. Ele não tem aporte financeiro de nenhum dos acionistas”, disse o advogado, refutando a tese de desvio de dinheiro público.

Os advogados dos réus ligados ao PP, por sua vez, procuraram derrubar a tese da compra de apoio parlamentar pelo governo federal. “O PP sempre defendeu as reformas estruturais do país. A acusação diz que o PP tinha recebido recursos para apoiar a votação das reformas da Previdência e Tributária. O interessante é que essas reformas foram apresentadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso de uma forma muito parecida. E o PP votou a favor das reformas”, disse o advogado Marcelo Leal.