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Defesa de Lula será bandeira de mobilizações

Petistas que atuam em organizações integrantes da Frente Brasil Popular veem necessidade de reaproximação com movimento social

Paulo Pinto/Fotos Públicas

Raimundo Bonfim: “Há muito tempo petistas dos movimentos sociais não faziam reunião tão representativa”

São Paulo – A análise da conjuntura politica, o papel que a Frente Brasil Popular desempenhou no período de resistência ao impeachment e a luta pela democracia foram temas de reunião, realizada nesta sexta-feira (23), Cerca de 50 membros do PT que fazem parte da direção de movimentos sociais e coletivos da frente participaram, entre eles lideranças do MST, da CUT, da Marcha Mundial de Mulheres e do Levante Popular da Juventude.

Um dos assuntos foi a necessidade de os movimentos populares manifestarem solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas mobilizações.

“Defender Lula é fazer defesa da própria atuação dos movimentos sociais, tendo em vista que ele é um líder popular e vem do movimento sindical. Avaliamos que o ataque a ele não é uma questão individual, porque Lula representa o campo democrático popular”, destaca Raimundo Bonfim, Coordenador da Frente Brasil Popular em São Paulo e da Central de Movimentos Populares (CMP).

Na sexta-feira da semana passada (16), em entrevista coletiva, o presidente do PT, Rui Falcão anunciou que os candidatos às prefeituras do partido deverão se manifestar em defesa de Lula. A medida veio dois dias depois de o procurador Deltan Dallagnol acusar Lula de estar “no topo de organização criminosa” e ser o “comandante máximo” de esquema de corrupção.

Papel da frente

O entendimento majoritário dos participantes do encontro foi o de que a Frente Brasil Popular não deve ser apenas uma frente de mobilização, mas também programática, posicionando-se para elaborar um programa de atuação sobre os temas estruturantes da sociedade, com debates sobre economia, Estado brasileiro e instituições.

De acordo com Raimundo, a reunião foi muito positiva. “Até porque fazia muito tempo que os petistas dos movimentos sociais não faziam uma reunião tão representativa.” Segundo ele, “isso sinaliza que o partido está entrando num processo de avaliação e entende a necessidade de voltar a apostar em uma relação mais estreita com o movimento social”.

A discussão transcorreu desde a manhã até o fim da tarde de sexta-feira. “Foi muito enfatizado que o PT no último período priorizou demais a luta institucional e a disputa eleitoral em detrimento de uma relação mais forte com o movimento social e de um embate mais político na disputa de projeto e hegemonia na sociedade”, diz Raimundo.