PL 4.330

‘Cunha entrega encomenda aos seus financiadores de campanha’, diz Vannuchi

Projeto que introduz terceirização 'ampla, geral e irrestrita' atende a interesses do empresariado que vai pagar menos pela mão de obra

Wilson Dias/Agência Brasil

Terceirização é “um dos chocolates mais apetitosos e suculentos para o empresariado brasileiro”, diz Vannuchi

São Paulo – Paulo Vannuchi, analista político da Rádio Brasil Atual, afirma que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avança com seu “rolo compressor” ao aprovar o Projeto de Lei (PL) 4.330, que introduz a “terceirização ampla, geral e irrestrita”, e entrega a encomenda prometida aos seus financiadores de campanha: “pagar menos pelo mesmo trabalho”.

Para o analista, a batalha ainda não está perdida, pois o projeto de lei precisa ser votado pelo Senado. Vannuchi espera até mesmo que a proposta possa ser barrada pela “pressão dos trabalhadores, da sociedade civil e da democracia brasileira”.

Frente ao clima de desastre para a classe trabalhadora, Vannuchi destaca um pequeno recuo, por parte dos deputados, determinando que trabalhadores de uma mesma fábrica, contratados diretos e terceirizados, deverão integrar o mesmo sindicato.

Contudo, ressalta o comentarista, cria-se uma situação de tensão entre trabalhadores que exercem a mesma função, mas com remunerações discrepantes. “Isso não é nada simples para um sindicato de trabalhadores que vai obrigar a uma espécie de luta permanente para revogar essa lei, se um dia for definitivamente aprovada”, analisa.

O comentarista questiona, ainda, se o presidente da Câmara terá coragem para cumprir a ameaça de suspender o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), “por ter participado, solidariamente, e sendo agredido pela polícia, das manifestações sindicais de trabalhadores – legítimas, democráticas e pacíficas, contra esse projeto”.

Vannuchi lembra que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) já se envolveu em inúmeras polêmicas, como quando “pregou o fuzilamento de FHC”, quando disse que “os torturados da ditadura deviam ter sido mortos”, ou, mais recentemente, afirmando que a então ministra Maria do Rosário não merecia ser estuprada por ser feia, e, ainda assim, nunca sofreu qualquer tipo de punição.

O analista comenta ainda sobre a saída de Pepe Vargas da Secretaria de Relações Institucionais e sua nomeação, com certo nível de confusão, para a Secretaria de Direitos Humanos, ocupada por Ideli Salvatti. Diz Vannuchi que “esse tipo de vai-e-vem” nos primeiros meses do novo mandato da presidenta Dilma desorienta “os que ficam de fora do palácio do Planalto”, fazendo menção à militância e aos apoiadores do governo.

Vannuchi menciona os avanços na Secretaria de Direitos Humanos promovidos por Ideli, com destaque para o Pacto de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos na Internet (Humaniza Redes). “Mais uma vez, o Brasil quer sair na frente, como saiu no marco civil da internet.”

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