Negando medicamentos

Corte no programa Farmácia Popular é ‘manifestação de crueldade’, afirma Dilma

Para a ex-presidenta, Bolsonaro volta a mostrar “desprezo pela vida”, e no momento em que as pessoas mais precisam

Roberto Stuckert Filho
Roberto Stuckert Filho
'Tudo o que é ruim pode ser ainda pior num governo como este', lamenta ex-presidenta

São Paulo – Os cortes no programa Farmácia Popular pelo atual governo representam “uma manifestação deliberada de crueldade”, segundo a ex-presidente Dilma Rousseff. “O desprezo pela vida define bem o governo Bolsonaro, na negação da pandemia, no repúdio às medidas de proteção e isolamento social, no atraso na aquisição de vacinas, no descaso em relação à compra e fornecimento de oxigênio, respiradores e analgésicos para intubação”, afirma, em nota. “Mas tudo o que é ruim pode ser ainda pior num governo como este.”

Dilma lembrou que o programa – lançado no primeiro mandato do governo Lula, em 2004, e ampliado em seu governo – “chegou a fornecer medicamentos gratuitos a 30,4 milhões de brasileiros portadores de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e asma”. “Atende principalmente pessoas de baixa renda, que, de outra forma, não teriam condições de tomar os remédios de uso contínuo necessários à sua sobrevivência”, observou a ex-presidenta.

No momento mais difícil

Segundo ela, o programa começou a ser reduzido “depois do golpe de 2016, no governo Temer, e está sendo levado à destruição por Bolsonaro”. Desde então, deixou de atender 10 milhões de pessoas. Só no ano passado, “mais 1,2 milhão de brasileiros perderam o direito à gratuidade dos medicamentos”. Agora, completou, o presidente mostra sua crueldade “justamente quando o povo mais precisa, pois o país vive sob os efeitos de uma pandemia que está matando 22 brasileiros por segundo”.

“Com este desprezo pela vida, Bolsonaro está negando medicamentos gratuitos a brasileiros que têm algumas das comorbidades mais perigosas para quem for contaminado pelo coronavírus”, afirmou ainda Dilma. “Milhões de pessoas com doenças crônicas serão obrigadas a procurar UPAs e hospitais públicos, arriscando-se ao contágio por um vírus que, no caso deles, significa perigo altíssimo de morrer. Isto acrescenta mais um ato no rol de atitudes deste governo que podem caracterizar genocídio”, concluiu.