sem saída

Cid confirma que Bolsonaro discutiu minuta golpista com militares

Diante do que a Polícia Federal já apurou sobre a trama golpista, falta apenas uma autorização do ministro Alexandre de Moraes para que Bolsonaro seja finalmente preso, diz jornalista

Alan dos Santos/PR
Alan dos Santos/PR
Ex-ajudantes de ordens confirmou ao menos cinco reuniões de Bolsonaro com militres para tratar da trama golpista

São Paulo – O tenente-coronel Mauro Cid confirmou à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez ao menos cinco reuniões com militares para tratar de um golpe de Estado. Ele admitiu, por exemplo, que participou do encontro em que o então assessor da Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Martins apresentou a Bolsonaro a chamada minuta do golpe. No mesmo dia, também presenciou quando Bolsonaro, após sugerir ajustes, discutiu o texto golpista com comandantes das Forças Armadas.

De acordo com a colunista do jornal O Globo Bela Megale, Cid disse à PF que teve conhecimento da reunião de Bolsonaro com comandantes. O ex-ajudante de ordens disse, no entanto, que não participou da agenda. Ela publicou as informações nesta quarta-feira (13), com base no mais recente depoimento de Cid. Ele falou novamente aos investigadores por cerca de nove horas na última segunda (11).

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, ele afirmou que Bolsonaro pediu para que a segunda parte da reunião fosse somente entre ele e os então chefes militares. Cid disse que o documento que Bolsonaro levou aos chefes militares trazia os “considerandos” – parte inicial do decreto golpista – com acusações à Justiça Eleitoral.

Assim, os novos detalhes que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro apresentou corroboram os depoimentos do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, que também confirmaram à PF a participação de Bolsonaro na reunião que discutiu uma minuta golpista para mantê-lo no poder.

Trama em andamento

Cid também detalhou outro encontro de Bolsonaro com o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, então assistente do Comando Militar do Sul. “A reunião aconteceu em 28 de dezembro de 2022, em Brasília, com a presença de oficiais com formação nas forças especiais e assistentes de generais supostamente favoráveis ao golpe”, escreveu a colunista.

Ainda antes, em 12 de dezembro, o então presidente se reuniu com o major Rafael Martins. “Na ocasião, o major, Cid e outros militares trataram de assuntos relacionados à estratégia golpista”. Além disso, o ex-ajudante também confirmou que operou os equipamentos de vídeo durante reunião em que Bolsonaro elaborou a “dinâmica golpista” junto aos seus ministros.

Espionagem a Moraes

Ao mesmo tempo, Mauro Cid também confirmou que o governo Bolsonaro monitorou ilegalmente os passos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Investigações da PF apontam que Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o coronel Marcelo Câmara e Mauro Cid integravam um “núcleo de inteligência paralela” na gestão anterior. Eles monitoravam itinerário, deslocamento e localização de Moraes. O objetivo seria capturar e prender o ministro após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.

Diante dos últimos depoimentos dos ex-chefes militares e do seu ex-ajudante de ordens, a prisão de Bolsonaro é apenas uma questão de tempo. Quem afirma é o jornalista Ricardo Noblat. Pelas redes sociais, ele disse que a PF espera apenas um sinal verde de Moraes, relator das investigações sobre a trama golpista.

“Depois de tudo que apurou até agora, mesmo que não quisesse, a Polícia Federal só espera uma autorização da Justiça (leia-se: Alexandre de Moraes, presidente do inquérito) para prender Bolsonaro. Não significa que a autorização será dada em breve. Poderá demorar mais um pouco”, publicou o jornalista.


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