Ineficaz

Celso Amorim lamenta papel da ONU na ausência de voz sobre conflito em Gaza

“Acho que hoje nós vivemos uma situação muito mais grave, uma multiplicidade de atores com duas guerras e a fragilidade da ONU preocupa”

Valter Campanatto/ABR
Valter Campanatto/ABR
Apesar das ofensas de Milei a Lula, o relacionamento de Estado entre o Brasil e a Argentina não foi abalado, segundo Amorim

São Paulo – Em participação no Fórum Brasil-África, o ex-chanceler e assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, falou sobre a atual crise em Gaza e comparou a situação à chamada crise dos mísseis, na década de 1960. Além disso, ele criticou a aparente falta de ação e efetividade institucional da Organização das Nações Unidas (ONU).

Amorim destacou sua longa experiência na diplomacia, com quase 60 anos de atuação, enfatizando que raramente testemunhou situação tão grave. O massacre israelense na Faixa de Gaza já deixa mais de 9 mil mortos, na maioria crianças e mulheres. “Como podem as Nações Unidas estarem inertes em uma situação tão grave como a que nós estamos vivendo hoje?”, questionou.

O ex-chanceler também elogiou os esforços do Brasil para passar uma resolução humanitária no Conselho de Segurança da ONU. Ele disse que buscava lidar com o conflito entre Israel e o Hamas. E descreveu esse esforço como “heroico” e não apenas em defesa das vítimas na região, mas também em defesa do papel das próprias Nações Unidas.

ONU para quê?

As críticas à ONU não foram exclusivas de Celso Amorim. Atual titular do Itamaraty, Mauro Vieira, que presidiu uma sessão do Conselho de Segurança, expressou sua frustração com a demora do colegiado em aprovar uma resolução sobre o conflito. Ele afirmou que alguns países parecem usar o Conselho de Segurança para promover seus objetivos pessoais em vez de proteger a população civil. O Brasil apresentou propostas aprovadas quase pela totalidade dos membros do Conselho, à exceção dos Estados Unidos; nação com poder de veto.

Agora, o Brasil está encerrando seu mandato na presidência do Conselho de Segurança amanhã, sem que um consenso tenha sido alcançado. A China assumirá a presidência em seguida, em um contexto em que a busca por soluções para a crise em Gaza continua a ser um desafio global.

A declaração de Amorim e as críticas ao papel da ONU destacam as preocupações crescentes em relação à gravidade da situação em Gaza e à necessidade de a comunidade internacional agir de maneira eficaz e coordenada para buscar soluções para o conflito em curso. “Acho que hoje nós vivemos uma situação muito mais grave, uma multiplicidade de atores com duas guerras que, de alguma maneira, se misturam e ver a ONU enfraquecida é algo que realmente preocupa extremamente”, finaliza o ex-chanceler.