Estado de direito sempre

Inspiradas em carta pela democracia na USP, universidades fazem atos pelo país

Manifesto da sociedade civil em respostas a ameaças golpistas de Jair Bolsonaro é lido em diversas capitais e em Brasília, acompanhado por atos contra o governo

Mario Madureira
Mario Madureira
Milhares de manifestantes lotaram a frente da UFRGS, em Porto Alegre, onde foi lida também a "Carta aos brasileiros" neste 11 de agosto

São Paulo – Pelo menos 15 universidades em nove estados e no Distrito Federal foram palco, nesta quinta-feira (11), da leitura de cartas e manifestações em defesa da democracia e por eleições livres no Brasil. Na data de criação dos cursos jurídicos no país, que originou também o Dia do Estudante, os secundaristas iniciaram cedo os protestos. Por volta das 8h, em frente ao Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, os manifestantes seguiram em direção ao Palácio Piratini, sede do governo estadual, e à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)., Ali foi lida, às 11h, a Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito. 

O manifesto (que pode ser lido assinado aqui) é considerado uma resposta à escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro (PL) que vem ameaçando não respeitar o resultado eleitoral, caso perca no pleito, em outubro. O protesto foi acompanhando também por universitários e trabalhadores que engrossaram o coro “a nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria” e “fora Bolsonaro” durante a passeata. Movimentos sindicais, como o CSP-Conlutas protestaram também com faixas com dizeres “golpe não” e “tomar as ruas para defender as liberdades democráticas”. 

Milhares de manifestantes lotaram a frente da UFRGS. A leitura do manifesto também foi acompanhado do local pelos ex-governadores do Rio Grande do Sul, Tarso Genro e Olívio Dutra (PT), candidato ao Senado pelo estado. “Defender a democracia, fundamento do Estado de Direito, é defender um valor axiologicamente superior ao ordenamento jurídico e não uma manifestação partidário”, destacou a diretora do curso de Direito da universidade, Claudia Lima Marques. 

carta aos brasileiros
Leitura da carta aos brasileiros na Faculdade de Direito da UFRGS, em Porto Alegre (Foto: Carolina Lima)

Resistência contra ataques

As manifestações em defesa da democracia também começaram cedo em Fortaleza. Por volta das 9h, movimentos sociais, sindicais, estudantis e trabalhadores se reuniram na Praça da Bandeira, em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). Simultaneamente à leitura nas Arcadas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, região central da capital paulista, o juiz aposentado, membro da Associação de Juristas pela Democracia (ABJD), Inocêncio Uchôa, também deu voz à reedição do documento, escrito há exatamente 45 anos contra a ditadura civil-militar. 

“É importante que a sociedade brasileira vá às ruas e faça ecoar sua voz contra o arbítrio que se instaurou no governo brasileiro e pela defesa das garantias e direitos fundamentais de todos os brasileiros. É importante que neste momento nós deixemos de lado nossas diferenças e acentuemos as nossas convergências pelos valores da democracia”, observou o professor Newton Albuquerque do curso de Direito da UFC e coordenador da ABJD Ceará. 

Já pela manhã, a nova edição da Carta aos brasileiros contava com mais de 950 mil assinaturas, reunindo também entidades empresariais entre os signatários, artistas e banqueiros. Bolsonaro, no entanto, não endossou o documento e disparou críticas desde que ele foi aberto para a sociedade civil. Também houve quase 20 mil tentativas de fraude contra a carta, segundo contou ao G1 o procurador-geral do Ministério Público de Contas de São Paulo, Thiago Pinheiro Lima, um dos organizadores da iniciativa.

Mais atos pelo Brasil

Amplos setores da sociedade civil também partiram na manhã deste dia 11 de agosto em passeata da Praça do Campo Grande, no centro de Salvador, em direção à Praça Castro Alves. Em Teresina, milhares se reuniram na Praça Rio Branco, às 8h30, onde seguiram pelas ruas do centro da capital piauiense até a Praça da Liberdade. O ato foi seguido com faixas que pediam “Fora Bolsonaro” e carros de som. Perto das 10h, também foi lido o manifesto em defesa da democracia. 

Entre as organizações presidentes estava a CUT, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), entidades estudantis e coletivos de mulheres. Em Belo Horizonte, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também marcou sua adesão à Carta dos brasileiros com ato realizado às 11h. A professora aposentada Misabel Derzi fez a leitura do manifesto, acompanhada da docente Mônica Sette Lopes, diretora da Faculdade de Direito da instituição e do presidente da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sergio Rodrigues Leonardo.  

A Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) também esteve entre as dezenas de instituições que aderiram a Carta aos brasileiros. “Neste Dia do Estudante, a reflexão que se impõe é que só haverá educação libertadora em um país democrático”, escreveu a CUT-DF. No Rio de Janeiro, além das universidades públicas, como a UFR, UERJ e Unirio, a Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) também fez a leitura do documento. A agenda de protestos em defesa da democracia e contra as ameaças de Bolsonaro seguem ao longo da tarde com atos de rua em 17 capitais, a partir das 14h.

Confira imagens da cobertura colaborativa do 11 de agosto pelo Brasil


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