Presentes da Arábia

Bolsonaro depõe hoje à Polícia Federal sobre escândalo das joias sauditas

Coincidentemente, ex-presidente brasileiro depõe um dia depois de Donald Trump, seu ídolo, tornar-se réu em Nova York, acusado de mais de 30 crimes

Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Segundo nova denúncia, Bolsonaro gastou R$ 754 mil no cartão corporativo em lanches e refeições em 2022

São Paulo – Jair Bolsonaro irá depor a partir das 14h30 desta quarta-feira (5), na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, sobre os três kits de joias que entraram ilegalmente no país em 2019, como supostos presentes da Arábia Saudita. O ex-presidente se apropriou de duas caixas de joias, enquanto outro estojo foi apreendido na alfândega do aeroporto de Guarulhos. As informações são de que – se não vazar – o depoimento não terá detalhes divulgados por estar sob sigilo.

Existe a possibilidade de a oitiva ser realizada por videoconferência, mas a PF não informou se será esse o caso de Bolsonaro. Haverá reforço da segurança em torno da sede da PF em Brasília, ante a expectativa de que “militantes” bolsonaristas compareçam ao local. Foram instaladas grades ao redor do prédio.

Os advogados do ex-mandatário afirmaram que ele devolveu o terceiro conjunto de joias recebidas da Arábia Saudita na terça (4) e o entregou à Caixa Econômica Federal. Fabio Wajngarten, assessor do ex-mandatário, disse que “a entrega reitera o compromisso da defesa do presidente Bolsonaro de devolver todos os presentes que o TCU solicitar”.

Na véspera de depor à PF, Bolsonaro entrega terceiro estojo de joias
que estava em fazenda de Piquet

Segundo ele, seu chefe “sempre respeitou a legislação em vigor sobre o assunto”. O terceiro conjunto de joias, entregue ontem, é avaliado em R$ 550 mil e estava “escondido” na casa do ex-piloto Nelson Piquet.

Cadeia de comando

Estão previstos dez depoimentos simultaneamente e em salas diferentes, segundo a CNN. Será ouvido, entre as testemunhas, o ajudante de ordens do ex-chefe do governo, tenente-coronel Mauro Cid. A expectativa é de que ele vai dizer que foi o próprio Bolsonaro quem deu a ordem para recuperar o conjunto apreendido pela Receita Federal em Guarulhos. Até porque, pelo seu cargo, a determinação não poderia ter sido de outra pessoa.

Outro que será ouvido será o coronel Marcelo Costa Câmara, classificado como operador de um gabinete paralelo de inteligência e segurança a serviço do ex-presidente. O primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que foi pessoalmente ao aeroporto em busca das joias, já foi ouvido e disse à PF que cumpria ordem do tenente Cleiton Henrique Holszchuk, assessor de Mauro Cid.

No mesmo momento em que o ex-presidente brasileiro comparece para prestar depoimento à PF, o Uol divulgou que o chefe do clã que governou o país de 2019 a 2022 pagou pelo menos 21.447 lanches com o cartão corporativo em viagens, e isso durante a campanha eleitoral em 2022. Os comprovantes incluem outras 5.075 compras de refeições, somando um total de R$ 754 mil em gastos.

Bolsonaro e Trump

Coincidentemente, o depoimento de Bolsonaro ocorre um dia depois do histórico dia em que Donald Trump, ídolo e modelo de Bolsonaro, ter-se apresentado à Justiça em Nova York, tornando-se o primeiro ex-presidente americano a ser acusado de práticas criminosas, transformando-se em réu. Não é o caso de Bolsonaro ainda. Até o momento ele é apenas investigado.

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