Defesa da democracia

Ativistas projetam imagem de Bolsonaro na sede da ONU em NY: ‘Vergonha brasileira’

Projeção foi feita horas antes do discurso do presidente na abertura da 77ª Assembleia Geral da ONU

Manuela Lourenço/Divulgação
Manuela Lourenço/Divulgação
Ativismo em Nova York: iniciativa foi do grupo US Network for Democracy in Brazil

São Paulo – Uma projeção de foto do rosto do presidente Jair Bolsonaro (PL), com as palavras Brazilian shame (“vergonha brasileira”), foi feita no prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, horas antes do discurso de Bolsonaro na abertura da 77ª Assembleia Geral da instituição.

A iniciativa foi do grupo US Network for Democracy in Brazil (Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil), que reúne acadêmicos de mais de 50 universidades americanas, ativistas e organizações da sociedade civil, como a Coalizão Negra por Direitos e a Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

As imagens projetadas nas primeiras horas desta terça (20) trazem palavras como “vergonha”, “desgraça” e “mentira” em quatro das línguas oficiais da ONU — inglês, francês, espanhol e mandarim —, além do português.

“Somos opositores ferrenhos desse governo brasileiro por todas as atrocidades que ele representa”, diz Mariana Adams, organizadora nacional do US Network for Democracy in Brazil. “Nossa ação comunica ao mundo que Bolsonaro está apoiado em um sistema de fake news para avançar seu projeto pessoal de poder e de enriquecimento, não um projeto nacional de desenvolvimento do Brasil.”

Segundo ela, as aparições internacionais de Bolsonaro “desmantelaram, de maneira sistemática, a imagem do Brasil no exterior, seja pela desastrosa política externa brasileira, seja pelas aparições internacionais que visam benefícios políticos eleitorais”.

Exemplo recente, afirma ela, foi a passagem do presidente pelo Reino Unido para participar do funeral da rainha Elizabeth 2ª. Em meio às cerimônias solenes, o brasileiro usou a viagem para fazer campanha eleitoral, discursando a apoiadores.

“A ideia é retomar e subverter o palanque de que ele tem feito as instituições internacionais. Para nós, isso é vergonhoso”, diz Adams, que afirma que os integrantes da rede atuam de forma voluntária e não são ligados a partidos políticos ou a ONGs. O grupo coletou fundos para a ação a partir da doação coletiva de seus membros.

Com reportagem de Fernanda Mena para a Folha de S.Paulo