vai se quiser

Aliados de Bolsonaro blindam ministro Milton Ribeiro na crise do MEC

Devido à interferência, a convocação do ministro para explicar denúncias foi transformada em convite para o dia 31. Ministro não é obrigado a comparecer

valter campanato/ABR
valter campanato/ABR
A princípio ministro seria convocado, com obrigação de comparecer e dar explicações aos senadores

São Paulo – A base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Senado blindou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que está no centro de uma série de denúncias de tráfico de influência no MEC envolvendo outros pastores. Requerimento aprovado nesta quinta-feira (24) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte determinava a convocação do ministro para explicar denúncias sobre a existência de um balcão de liberação de verbas para municípios conforme interesses da Presidência da República. Convocado, ele seria obrigado a comparecer na próxima terça-feira (29). Mas devido à interferência a convocação foi transformada em convite, assim como a data. Com isso, o ministro só comparece se quiser, e mesmo assim, na próxima quinta (31).

Segundo denúncias de prefeitos, o esquema seria operado pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, para liberar recursos para prefeituras indicadas por parlamentares ligados ao chamado Centrão, de sustentação ao governo Bolsonaro.

Em uma gravação, o ministro Milton Ribeiro, que é pastor presbiteriano, diz que (o esquema) atende pedido do presidente Jair Bolsonaro, que estaria destinando recursos do MEC para a construção de igrejas.

Ontem, a comunidade científica divulgou cartas manifestando preocupação, indignação e pedindo a saída do ministro Ribeiro. “Entendemos que tais denúncias são suficientes para tornar insustentável a manutenção do Ministro e seu projeto, considerando a altivez e robustez que são inerentes à função”, diz trecho de nota da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped). E também de 31 associações e entidades científicas do setor. Nesse sentido, o documento pede que órgãos e entidades de controle da Administração Pública Federal averiguem as “denúncias alarmantes, que configuram em improbidade administrativa do Ministro da Educação”.

O conselho diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, formado por 12 entidades, também se posicionou com indignação diante do esquema “informal no MEC, que prioriza, com a liberação de verbas da educação, prefeituras indicadas por interlocutores privilegiados, atendendo a pedido especial do presidente da República desde janeiro de 2021”.