Da vacina à execução

Aliado de Bolsonaro preso pela PF disse saber quem mandou matar Marielle

“Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu?”, afirmou Ailton Barros em mensagem enviada a ajudante de ordens do ex-presidente

Reprodução/TSE/Divulgação
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Ailton ajudou a intermediar fraude no cartão de vacinação de esposa de Mauro Cid

São Paulo – A Operação Venire, da Polícia Federal (PF), que investiga suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode auxiliar na identificação de quem mandou matar a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), em 2018. O militar da reserva e ex-candidato a deputado estadual Ailton Barros (PL-RJ) enviou mensagens ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid dizendo que sabe quem é o responsável pelo crime. Nas últimas eleições, Ailton se apresentava como “01 do Bolsonaro” na campanha.

“Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou (matar). Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí”, diz a mensagem de Ailton enviada em 30 de novembro de 2021. A PF interceptou a conversa durante a operação que prendeu Ailton, Cid e mais quatro envolvidos.

Ajudante de ordens

De acordo com a PF, em um dos áudios, Ailton comunicou a Cid que o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano teria intermediado a inserção de dados falsos para fraudar o cartão de vacinação de Gabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Em contrapartida, Ailton solicitou ao ajudante de ordens de Bolsonaro que intermediasse um encontro de Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil. O objetivo era resolver um problema relacionado ao visto de entrada de Siciliano no país norte-americano.

“De repente, nem precisa falar com o cônsul. Na neurose da cabeça dele (Siciliano), que ele já vem tentando resolver isso a bastante tempo, manda e-mail e ninguém responde, entendeu? Então, ele partiu para a direção do cônsul, que ele entende que é quem dá a palavra final. Mas a gente sabe que nem sempre é assim, né? Então quem resolva, quem resolva o problema do garoto, entendeu? Que tá nessa história de bucha”, apelou Aílton, antes de se referir ao caso de Marielle.

Em março de 2018, o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, chegou a acusar Siciliano e o ex-policial militar e chefe de milícia Orlando da Curicica de mandar matar Marielle. Pouco mais de um ano depois, no entanto, Ferreirinha foi preso, suspeito de obstruir as investigações do assassinato da vereadora.