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Acampados em Brasília manifestam confiança na derrota do golpe

Eles receberam a visita de Lula esta manhã, e os ônibus não param de chegar. Acampados se revezam entre a área do estádio Nilson Nelson e a Esplanada dos Ministérios para protestar

Lula Marques/ Agência PT

Tenda recebe acampados e movimentos sociais que estão em Brasília em defesa do mandato presidencial

Brasília – Até as 15h de hoje (16), mais de 15 mil manifestantes, segundo os organizadores, já estão acampados ao redor do ginásio de esportes Nilson Nelson, em Brasília. Em barracas e tendas cobertas com colchonetes, redes e até em cadeiras de praia, ativistas, participantes e representantes de vários movimentos sociais se preparam para as manifestações que acompanharão, a partir das 14h de amanhã, os últimos discursos e a votação do processo de impeachment que pretende interromper o mandato da presidenta eleita, Dilma Rousseff. O acampamento, que recebeu esta manhã a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros, tem feito um revezamento de grupos que já estão na área da Esplanada dos Ministérios e outros que aguardam os ônibus – que não param de chegar, de todos os estados.

São professores, médicos, trabalhadores rurais, sindicalistas, estudantes, servidores públicos, comerciários, trabalhadores da área de petróleo e gás, bancários e profissionais de diversas atividades. Todos com um único propósito: defender o mandato da presidenta Dilma e se manifestar contra o impeachment.

Depois de, nesta manhã, receber a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de vários representantes de movimentos sociais, um palco informalmente montado é usado para que muitos deles repassem aos demais suas próprias experiências de inclusão social e de melhorias de vida nos últimos anos e destacam as ameaças a direitos democráticos em marcha. “Cheguei aqui quarta-feira, de Alagoas. Sou professora e não poderia deixar de vir, para defender várias coisas que beneficiaram os brasileiros”, afirmou a docente Lucilene Rodrigues.

“Primeiro, vim para me unir a todos que aqui estão e deixar claro que este governo foi eleito por 54 milhões de pessoas, por isso não pode acabar desse jeito. Depois, porque não há nenhum crime cometido pela presidenta Dilma. Vim, enfim, para defender a democracia, a garantia das eleições de 2014 e o governo, que apesar de ter vários problemas, promoveu muitos avanços sociais e todos nós somos uma prova disso”, acentuou a professora.

Conquistas

Da mesma forma, discursaram em frente ao palco trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Mato Grosso. “Nossa mobilização não vai parar. Não vamos deixar que as conquistas sociais conseguidas a duras penas retrocedam. Vamos lutar até o fim e estamos aqui para garantir ao ex-presidente Lula e à presidenta Dilma o nosso apoio. Não vai ter golpe”, gritaram.

Em meio a um cenário formado por vários públicos, uma equipe de médicos também se agregou aos acampados para conversar com todos sobre os avanços obtidos nos últimos 13 anos de governos Lula e Dilma, como o infectologista Rufino Fernandes, de São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.

Fernandes relata que fez parte do primeiro núcleo de estudos para combate à aids no país, foi diretor do sindicato dos trabalhadores na área de Saúde de São Paulo (SindSaúde) e já participou de cursos e programas para controle da doença nos Estados Unidos e em Moçambique. Segundo ele, é pelas políticas de integração e de apoio à saúde implantadas pelo governo federal que ele está em Brasília, “pelo combate ao retrocesso em políticas públicas tão importantes para a população”.

“Queremos que os brasileiros e, em consequência, os parlamentares, se conscientizem que implantamos ações como as redes de urgência em saúde, o programa de atenção básica e o de saúde mental, tão importantes para o país, devido ao apoio e às políticas públicas dos governos Lula e Dilma. É pela continuidade destes e tantos outros programas que ajudaram a melhorar as condições de vida dos brasileiros que estamos aqui empenhados em fazer valer a democracia e evitar qualquer ameaça aos dispositivos constitucionais”, acentuou.

Apoio dos brasilienses

O acampamento também conta com a participação de brasilienses que foram ao local com suas famílias para reforçar o apoio contra o impeachment e levar água, alimentos e outras formas de solidariedade aos que chegam de vários estados. Foi o caso, por exemplo, da advogada Lúcia Antunes, que passou a manhã lá com o marido, Ricardo, e dois filhos adolescentes.

“Trouxemos alguns biscoitos, garrafões de água, refrigerantes e sanduíches. A luta é de todos e é importante que estejamos unidos, neste domingo, na Esplanada, sem violência, e firmes para combater o impeachment”.