Sem quórum

Sob risco de perder, Lira adia votação da PEC do Auxílio

Recuo do presidente da Câmara foi “grande derrota do presidente Jair Bolsonaro”, diz líder da Minoria na Câmara, Alencar Santana Braga

Fabio Rodrigues Pozzebom
Fabio Rodrigues Pozzebom
Antes otimista e de bom humor, Lira foi obrigado a encerrar sessão temendo quórum baixo e risco de derrota

São Paulo – Para surpresa até da oposição, após anunciar que começaria a votação, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), recuou e anunciou o adiamento da PEC do Estado de Emergência (também chamada de PEC do Auxílio ou do Desespero) para a semana que vem. A súbita reviravolta foi tomada pela constatação de que o quórum baixo, de 427 deputados para uma PEC, colocava em risco a aprovação da proposta. Para aprovação de uma proposta de emenda à Constituição, são necessários 308 votos (3/5) dos deputados do Plenário da Câmara.

Depois de dizer que abriria a votação e após um tempo em silêncio, olhando o monitor de um notebook, Lira anunciou: “Só pra esclarecer, não vou arriscar nem essa PEC, nem a próxima com este quórum hoje. Quatrocentos e vinte e sete, não havendo nada mais a tratar vou encerrar”, disse Lira. Ele anunciou então sessão extraordinária para a próxima terça-feira (12).

Pouco antes, em debate com a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), o presidente da Casa previa, de bom humor, que tanto a PEC do Auxílio como a da Enfermagem seriam aprovadas por “larga vantagem”.

A postura da oposição é a de que não pode deixar de aprovar uma proposta em benefício da população mais pobre e, neste sentido, votou a favor da PEC na comissão especial à tarde. A defesa do auxílio de R$ 600 é proposta da oposição desde o início da pandemia. O governo só cedeu, em 2020, quando a pressão se tornou incontornável.

“Grande derrota de Bolsonaro”

O recuo de Lira ao adiar a votação de hoje foi “uma grande derrota” do presidente Jair Bolsonaro, diz o líder da Minoria, Alencar Santana Braga, à RBA. “Em algo estratégico para eles do ponto de vista eleitoral, ele não consegue garantir seu próprio quórum. Não conseguirem sequer quórum seguro pra aprovar, é sinal que nem a própria base dele está tão entusiasmada em defendê-lo assim”, acrescenta o deputado.

A PEC é para Bolsonaro uma questão vital, já que vai injetar dinheiro para a população mais vulnerável é esperança do presidente de crescer nas pesquisas eleitorais.

“Lira ficou com medo de votar hoje a PEC Kamikaze, com medo do quórum baixo e adiou para a semana que vem. Um dia de manobras na cara dura para tentar salvar o pior presidente da história do país. Não tem jeito, a resposta será nas urnas e no 1º turno”, escreveu Ivan Valente (Psol-SP) no Twitter.

A PEC do Estado de Emergência (PEC 001/2022) tramita em conjunto com a proposta de emenda à Constituição que trata de estímulos tributários aos biocombustíveis (PEC 15/22).

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