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Impeachment de Bolsonaro volta ao cenário político, afirma analista

Cientista político Paulo Niccoli Ramirez avalia que é o momento das forças democráticas se unirem para conter as investidas “fascistas” de Bolsonaro e seus apoiadores

Isac Nóbrega/PR
Isac Nóbrega/PR
Após nova ameaça de ruptura institucional, partidos voltam a discutir impeachment de Bolsonaro

São Paulo – Após os atos antidemocráticos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (7), “a palavra impeachment voltou para o cenário político”. De acordo com o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), as forças democráticas – da esquerda aos liberais – devem se unir para conter as ameaças de ruptura institucional pregadas por Bolsonaro e seus apoiadores.

“O que veremos a partir de hoje serão partidos políticos, mesmo do Centrão, e as forças democráticas se unificando. É o momento de lutar contra o fascismo, contra políticos e cidadãos que agem contra a própria cidadania e a democracia”, disse Niccoli, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta (8).

Para o cientista político, “o governo Bolsonaro acabou ontem”, dado o aprofundamento do seu isolamento institucional. No STF, o ministro Luiz Fux deve responder, ao longo do dia, às ameaças do líder do Executivo. Bolsonaro chegou a dizer que não vai acatar qualquer decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes.

Além disso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também declarou que pautas antidemocráticas “são inaceitáveis”. No entanto, falta uma reação pública do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL), que tem a prerrogativa de dar aval para o prosseguimento dos pedidos de impeachment contra o presidente.

Nesse sentido, partidos de direita e centro-direita, como PSDB, PSD, MDB e Solidariedade, sinalizam que podem passar a apoiar formalmente o impeachment de Bolsonaro. “Todos esses elementos fazem com que hoje haja um consenso contra Bolsonaro. O mais importante agora é garantir a preservação da democracia”, disse Ramirez.

‘Desbolsonarização’

Além das consequências institucionais contra Bolsonaro, o cientista político também defende a criação de mecanismos para promover a “desbolsonarização” da sociedade brasileira. Ele classificou como “lunáticos” os manifestantes que foram às ruas de verde e amarelo para bradar pelo fechamento do STF e pedir ditadura. Por outro lado, temas urgentes, como a fome, o desemprego e as quase 600 mil vítimas da pandemia foram completamente ignorados pelos bolsonaristas.

“Nenhuma empresa saudável manterá funcionários que se manifestaram contra um elemento tão básico como a democracia”, disse o cientista político. “Precisamos pensar em formas de criminalização do bolsonarismo. Bolsonaro e tudo o que ele representa são comportamentos antidemocráticos, anticivilizatórios e o enaltecimento da barbárie”, acrescentou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima