Rol de crimes

Bolsonaro agiu constantemente contra a saúde da população, diz Prerrogativas

Apesar de a possível ocorrência de corrupção na compra de imunizantes chamar mais a atenção dos brasileiros, a omissão proposital do governo Bolsonaro é ainda mais grave, aponta advogado Fabiano Silva dos Santos

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
De acordo com Fabiano, desde o começo da pandemia, o grupo constatou a negligência do presidente da República

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro agiu constantemente contra a saúde da pública, negligenciando e atuando contra medidas de segurança sanitária referente à pandemia de covid-19. A afirmação é do advogado Fabiano Silva dos Santos, integrante do Grupo Prerrogativas, coletivo de juristas que sistematizou os delitos cometidos por integrantes do governo federal em parecer enviado à CPI da Covid.

“Em um primeiro momento, ele negou a compra de vacinas, se negou a assumir publicamente a necessidade de o povo se vacinar; posteriormente, incentivou o povo a não usar os mecanismos mais singelos que tínhamos de proteção naquele momento, a máscara e o álcool em gel”, observa o advogado. “Portanto, reiteradamente, praticou crimes, faltou com a moralidade administrativa e deixou de proteger a população”, afirmou ele, a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

O jurista relata que, apesar de a possível ocorrência de corrupção na compra de imunizantes chamar mais a atenção dos brasileiros, a omissão proposital do governo Bolsonaro é ainda mais grave. “Houve uma atuação deliberada contra práticas essenciais. O governo federal agiu constantemente contra a saúde da população”, disse. “Ao mesmo tempo, a corrupção ficou escancarada na compra das vacinas. Um cabo da Polícia Militar foi vender 200 milhões de doses de vacina, enquanto faltavam imunizantes no mundo. É impossível explicar isso. Portanto, ficou comprovada a corrupção, apesar de a negligência ser ainda mais grave”, acrescentou.

Prevent Senior e kit covid

A operadora de saúde Prevent Senior é o mais novo escândalo envolvendo temas relacionados à pandemia de covid-19 no Brasil. A empresa teria ocultado nove mortes de pacientes que participaram de um “estudo” para testar a eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina no tratamento da doença. Para piorar, a “pesquisa” teve apoio e incentivo do presidente Jair Bolsonaro.

Os médicos que elaboraram o dossiê a respeito do caso procuraram o Prerrogativas e, segundo Fabiano, estão preocupados com sua integridade física, mas querem manter as denúncias. “O que foi praticado precisa ficar transparente e explícito, porque as pessoas foram utilizadas como cobaias para um tratamento que não era eficaz. É algo muito grave e esse assunto será enfrentado”, criticou o advogado.

O senador e integrante da CPI da Covid, Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o caso Prevent Senior é “muito complicado”. Para ele, a empresa buscou atender interesses políticos do governo Bolsonaro e estabeleceu uma articulação por meio do chamado gabinete paralelo.

“Ela é a principal prova da existência do gabinete paralelo, que dava orientações diversas do ministério da Saúde para o enfrentamento à pandemia. Realizou testes com pessoas, muitas sem seu consentimento, administrando medicamentos que não só são completamente ineficazes contra a covid-19 como podem causar efeitos colaterais graves, inclusive a morte. Temos provas suficientes de que essa foi uma orientação da direção do plano, e que os médicos foram constrangidos a fazer o que a empresa determinava”, afirmou o senador a Marilu Cabañas, também no Jornal Brasil Atual.

Outro capítulo que poderá ser desdobrado, nas próximas semanas, diz respeito a Renan Bolsonaro, filho do presidente da República, que publicou um vídeo com alguns modelos de armas em tom de ameaça aos senadores da CPI da Covid. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), inclusive, apresentou requerimento para sua convocação por conta dessa ameaça.

“Trata-se de um meliante juvenil que está se preparando para se tornar mais um miliciano. Desde cedo, se acostuma com as práticas das milícias, que tem no seu bojo essa prática de ameaçar as pessoas, prometer retaliações. Não vamos aceitar isso. Vamos discutir o que fazer. Com certeza não vai passar em branco. Já que falta a educação familiar necessária para que se torne um cidadão de bem, não vamos permitir que coloque para fora esses instintos contra a CPI”, finalizou o Costa.


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