Encontros pelo Nordeste

Lula em Recife: ‘Estamos de volta pra juntar a força necessária e reconstruir a democracia’

Ex-presidente iniciou agenda pelo Nordeste, com objetivo de encontrar movimentos sociais e construir articulações para 2022

Ricaro Stuckert
Ricaro Stuckert
Na manhã de hoje, Lula visitou um assentamento de agricultura familiar do MST na região metropolitana do Recife

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta segunda-feira (16) sua jornada pelo Nordeste, a partir da capital de Pernambuco, Recife. , para debater o desenvolvimento regional e realizar encontros e articulações políticas. Lula afirmou que a única razão pela qual pode ser candidato à Presidência é a convicção de que é preciso “concertar o país”. “Estamos de volta e trabalhando para juntar a força necessária para reconstruir a democracia brasileira”, afirmou, durante coletiva de imprensa.

Porém, Lula disse que, caso eleito, o cenário para o seu mandato será pior do que aquele que encontrou após sua primeira eleição, em 2002. “Hoje temos total certeza de que é possível reconstruir (o Brasil). E vamos pegar o país pior do que peguei em 2003, com desemprego e inflação em alta e a falta de credibilidade externa”, acrescentou.

Lula chegou em Recife na tarde de ontem (15) e já se encontrou com representantes locais de movimentos populares e da classe política. Na manhã de hoje, o ex-presidente visitou um assentamento de agricultura familiar na região metropolitana do Recife e, após a coletiva, o dia terá reunião com movimentos sociais.

Já nesta terça (17), prosseguindo sua agenda, o ex-presidente parte para o Piauí, onde fica até o dia seguinte. O roteiro do atual giro pelo Nordeste prevê passagens pelo Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e, por fim, Bahia.

Reconstrução do Brasil

Durante a coletiva de imprensa em Recife, Lula reafirmou sua avaliação sobre o atual retrocesso democrático no Brasil . “Nunca imaginei um governante totalmente irresponsável”, lamentou. Lula criticou as sucessivas mentiras de Jair Bolsonaro para justificar as ameaças que o presidente repete contra o sistema eleitoral. “Querer trazer o voto impresso é querer negar as eleições dele durante oito mandatos. Os filhos dele foram eleitos com voto eletrônico”, lembrou. “Ele vai perder as eleições, aceitar o resultado e o vencedor não irá receber a faixa dele. Se a Câmara não interditar esse governo, caberá ao povo o direito de se livrar do genocida nas próximas eleições“, afirmou Lula.

“Bolsonaro nasceu da negação e criminalização da política. Foi assim que nasceu o Mussolini, o Hitler e todo autoritarismo do mundo. O Bolsonaro só participou de atos militares. O presidente visita um quartel, mas não vai a um hospital (visitar vítimas da covid)”, acrescentou, ao questionar o perfil autoritário de Jair Bolsonaro.

Apesar do governo desastroso de Bolsonaro, que ao lado de cerca de 570 mil mortes pela pandemia, levou o país à atual crise econômica, ao aumento do desemprego e da inflação, Lula avalia que será possível reverter o quadro negativo para o Brasil, a partir de uma eventual vitória nas urnas em 2022. “Quando venci, em 2002, o Brasil tinha 12% de desempregados e uma dívida externa bilionária. Depois que assumimos, geramos 22 milhões de empregos formais e aumentamos o salário mínimo em 74%. Fizemos a maior política de assentamento rural da história”, lembrou.

Trabalhadores na pauta

O ex-presidente destacou ainda que, desde o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, os trabalhadores perderam garantias trabalhistas e a Previdência Social vem sendo desmontada. “Voltamos ao trabalho escravo, pois um emprego que não garante seguridade social, férias e remuneração digna, não é justo.”

Para Lula, só será possível retomar a economia e a “esperança do país” se as populações vulneráveis se tornarem pauta central do próximo governo. “É preciso colocar o pobre no orçamento da União e o rico, no imposto de renda. Rico nesse país não paga imposto sobre lucro e dividendo”, acrescentou.