E a direita pira

Semipresidencialismo é mais uma estratégia golpista, afirma Carol Proner

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defende a mudança no sistema que pode minar os poderes do presidente eleito pelo voto popular

Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Pablo Valadares / Câmara dos Deputados
Arthur Lira: ideia de discutir o semipresidencialismo para 2026

São Paulo – Quanto mais o ex-presidente Lula avança nas pesquisas eleitorais, mais a direita busca fórmulas mágicas para enfrentá-lo. A bola da vez é o ‘semipresidencialismo’, analisa a jurista e professora Carol Proner. O sistema foi defendido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para possivelmente vigorar a partir das eleições de 2026. A diferença em relação ao presidencialismo é que entra em cena na política a figura do primeiro-ministro, a quem o presidente eleito delega o poder de conduzir o governo.

“Inconfundíveis são as mãos de Michel Temer quando começam a tirar a luva imaginária ou a desgrudar-se do nada, diria a jornalista Denise Assis, fazendo lembrar o personagem infantil Meu Malvado Favorito, antes de cometer a próxima maldade”, diz a professora Carol Proner em comentário ao Seu Jornal desta terça-feira (20), na TVT.

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“Podemos vê-las se auto acariciando ou entrelaçando apertadamente o segredo de uma nova estratégia golpista, o semipresidencialismo, sob aplausos entusiasmados de setores da elite, que topam tudo, menos Lula.”

A professora destaca que o ministro Ricardo Lewandowski foi certeiro ao apontar a estratégia e alertar para os riscos de um passado que muitos prefeririam esquecer, os perigos desta ligeira variante do parlamentarismo, que volta a circular às vésperas das eleições de 2022.

“Em outro flanco ataca o fator militar propriamente dito, da ambiguidade da cúpula, que tem críticas a Bolsonaro, às explicitas notas de apoio das Forças Armadas ao governo. Têm sido recorrentes as ameaças de setores militares ao processo eleitoral de 2022. Militares topam tudo, menos Lula lá”, diz Carol Proner.

“Entrelaçados e unidos contra a democracia, os interesses golpistas fazem nós de marinheiro, os chamados nós de defensa, que servem para proteger o costado de seus interesses complementares e evitar o perigo da esquerda no poder. Mas há resistência. Nas ruas e nas instituições, há os que não aceitam fazer parte da continuidade farsesca de golpes continuados. Há os que resistiram desde o início, e os que perceberam, ainda que tardiamente, que não se negocia democracia, sob o risco de o autoritarismo contaminar o ar que respiramos.”

Militares na política

A jurista afirma que é muito importante a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de iniciativa da deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC), vice-líder da oposição na Câmara, que visa a regular a ocupação de cargos políticos por militares. “A proposta recupera as ideias da doutrina Góes Monteiro, recupera aquilo que veio depois da República Velha, em 1930, e a orientação do fim do envolvimento da caserna na política partidária.”

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