Corrupção

Bolsonaro está ‘desesperado’ com escândalo Covaxin, diz integrante da CPI

“Bolsonaro está carregando nas costas as mortes de centenas de milhares de pessoas”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE)

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro é "cauteloso" sobre impeachment, mas diz que Bolsonaro está cada vez mais "acuado"

São Paulo – De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid, as suspeitas de de irregularidades na compra da vacina Covaxin são “gravíssimas”, com potencial de se tornarem um “grande escândalo”. Ele espera que os depoimentos do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, nesta sexta-feira (25), contribuam para o avanço das investigações. Ele destacou que a Precisa Medicamentos, que intermediou a importação da Covaxin, tem “histórico” de corrupção. E recebeu “tratamento diferenciado” nas negociações com o Ministério da Saúde.

O senador também confirmou que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, deverá ser convocado à Comissão. Ele terá que explicar as tentativas de obstruir as investigações, inclusive com ameaças aos denunciantes. Além disso, ele teria mentido ao alegar que a cópia do contrato com irregularidades apresentado pelos irmãos Miranda teria sido adulterada.

Soma-se a isso a demissão do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, a quem Humberto classificou como um “gângster”. E ainda a recente pesquisa Ipec que indica a vitória no primeiro turno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se as eleições presidenciais fossem hoje. Nesse sentido, o senador afirma que o presidente Jair Bolsonaro está “acuado”, e sua situação deve se deteriorar ainda mais.

“Tudo isso explica o desespero dele. Creio que vai ficar mais desesperado ainda. Porque, na medida em que a CPI avança, vai identificar coisas que Bolsonaro preferiria que se mantivessem ocultas”, afirmou Humberto Costa, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual.

Próximos passos

Humberto destacou que a CPI deve ouvir na semana que vem o dono da Precisa. O empresário Francisco Maximiano deveria prestar depoimento na última terça-feira (22), mas seus advogados informaram que ele estaria em quarentena, após retornar de uma viagem à Índia. Os integrantes da comissão chegaram inclusive a oferecer proteção policial a Maximiano, em função das denúncias sobre a negociação. “Conhecendo as figuras que compõem esse governo, nunca é bom brincar. Por essa razão, fizemos a sugestão de que recebesse proteção. Mas ele disse que não quer, e não precisa”, ressaltou o senador.

Também na semana que vem o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel presta novo depoimento. Dessa vez, secreto. Na primeira passagem pela CPI, ele disse ter revelações “gravíssimas” que comprometeriam a família Bolsonaro. Na ocasião, o ex-governador afirmou que passou a ser perseguido por Bolsonaro após mandar investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). Também afirmou que os hospitais federais no Rio de Janeiro teriam um “dono”. Dias depois, chegou a dizer que esse dono seria o senador Flávio Bolsonaro.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira