Campanha internacional denuncia: Primeiro de Abril – Brasil, piada pronta
Vídeo sobre a farsa de 31 de março, com pinturas da escritora Marcia Tiburi e música de Chico Buarque, é primeira manifestação da campanha Olhos Abertos.
Publicado 31/03/2021 - 15h00
São Paulo – As revistas Sens Public e Cult, em parceria com diversos veículos de comunicação brasileiros, lançam neste 31 de março, dia que marca o golpe de 1964 no Brasil, campanha que denuncia ao mundo o governo autoritário e genocida de Jair Bolsonaro. O lançamento terá apresentação do vídeo Primeiro de Abril – Brasil, Piada Pronta. O trabalho, com pinturas da escritora Marcia Tiburi e música de Chico Buarque, é a primeira manifestação da campanha Olhos Abertos.
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Criado por Tiburi e pela pesquisadora Junia Barreto, é uma resposta ao gesto de grupos bolsonaristas que insistem em “comemorar” a ditadura. “O vídeo-exposição rememora o Golpe de Estado de 1964 e incita o público a refletir sobre a ditadura que se estendeu no Brasil por 21 anos”, explicam as organizadoras. “Jair Bolsonaro, presidente autoritário que alcançou o poder por meio de atos ilícitos, obteve na Justiça o direito de celebrar publicamente a ditadura militar.”
Primeiro de Abril – Brasil, Piada Pronta terá lançamento neste 31 de março e 1º de abril, por diferentes veículos, entre eles a RBA. As exibições terão início pelo menos em três países, às 15h do Brasil, às 20h da França e às 14h em Québec, no Canadá. A criação também acompanha um manifesto que será publicado, no mesmo horário, pelas revistas Cult e Sens Public.
Não foi “revolução”
Os anos de chumbo no Brasil foram de 1º de abril de 1964 até 15 de março de 1985. “Sendo 1º de abril o dia mundial da mentira, tornava-se inconveniente inaugurar o regime militar naquela data, sob o risco de ele parecer uma piada. Assim, construiu-se a narrativa de que o dia 31 de março seria data oficial do que os militares e seus simpatizantes chamavam de ‘Revolução’, alterando o sentido dos acontecimentos e do próprio termo”, lembram as responsáveis pela campanha internacional.
Assim, a campanha será apresentada ao tempo em que o presidente elogia o período autoritário, generais criminosos e torturadores, além de desdenhar da morte de mais de 320 mil brasileiros pela covid-19. “O presidente é acusado de genocídio em seu próprio país. E vem sendo denunciado em tribunais internacionais por promover a vulnerabilidade dos povos indígenas e da população em geral, devido a uma gestão irresponsável da pandemia. Uma gestão marcada pela desinformação e todo tipo de ações inconsistentes.”
Do 31 de março ao Ubu Rei Brasileiro
A filósofa Marcia Tiburi vive exilada na França, diante de ameaças de grupos neofascistas que passaram a se avolumar após a eleição de Bolsonaro. Foi lá que ela produziu, a partir de imagens feitas com um smartphone, o vídeo de caráter artístico-político. “Ele pretende ser uma contribuição à referida ‘comemoração’ da ditadura. Tem um tom adaptado à lógica do ‘dia da mentira’, em que a farsa e a falsidade tornam-se motivo de brincadeira em todo o mundo.”
Desfilam nessa “revolução”, retratos grotescos inspirados nos ‘presidentes generais’ do período ditatorial brasileiro, instalados em um cenário burguês clássico. “A estética bourgeoise serve de pano de fundo para o desfile militar de seis obras-retrato inspiradas em tais personagens infames da história brasileira e seus três personagens coadjuvantes, suscitando a reflexão do público, ao som de Deus lhe Pague, de Chico Buarque de Hollanda, música que testemunha brilhantemente sobre o contexto histórico de 1971.
Entre os personagens criados por Marcia Tiburi estão General Asino, 1964-1967, General Anal, 1967-1969, Generais falocêntricos 08-11/1969, General Varonil, 1969-1974, General Cloacal, 1974-1979, General Equino, 1979-1985, e Ubu Rei Brasileiro, 2019.
Assista ao vídeo Primeiro de Abril – Piada Pronta
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