Eleições 2020

Crises de emprego, saúde e educação mostram o que é votar em ‘apolíticos’

Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, depois da onda de candidatos antipolítica, esquerda pode voltar a ganhar forças. “Na pandemia, população notou a importância do Estado”

Arquivo EBC
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"As pessoas perceberam e perceberam da pior forma possível, numa pandemia", diz Ivone Silva sobre a contradição do voto em candidatos antipolítica em 2016

São Paulo – O avanço de candidatos conservadores, que se definiram como “apolíticos” nas eleições de 2016, abre caminho para que no pleito do próximo domingo (15) candidaturas de esquerda voltem a ganhar força nas cidades brasileiras. Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, há um movimento de reconfiguração das forças políticas, impulsionado pela pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao programa Revista Brasil TVT, a dirigente destaca que a maior emergência sanitária do último século mostrou não só ao Brasil, mas mundialmente, a importância do Estado. 

“Tivemos um momento na sociedade que bateram tanto na política. Você ligava a televisão e nos jornais era ‘a política, a política’, detonando e demonizando ela. E agora os cidadãos estão vendo o que é eleger candidatos ‘apolíticos’. No Rio de Janeiro, vê o que aconteceu com o governador que usava essa de ‘não sou da política'”, observa Ivone sobre Wilson Witzel (PSC). Ele foi afastado do cargo, em agosto, por suspeitas de integrar uma organização criminosa que desviou recursos da saúde para o combate à pandemia. Atualmente, Witzel responde a um processo de impeachment. 

A presidenta do Sindicato dos Bancários também cita como exemplo de candidatos “apolíticos” o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano foi eleito como prefeito da capital paulista, há quatro anos, com o mesmo discurso de “não sou da política, sou administrador”

Voto em propostas

“As pessoas perceberam e perceberam da pior forma possível, numa pandemia (o que é eleger alguém que se diz antipolítica). Quando nós precisamos realmente da saúde, ela não funcionava. Porque quem estava responsável era um administrador, um apolítico, que tirou enfermeiros, fechou postos de saúde. Quando a pessoa ficou desempregada, em meio à recessão, e precisou tirar o filho da escola particular e matricular na escola municipal, mas não tinha vaga. Porque quem estava governando ali era um apolítico, administrador, que na planilha dele falava que cabiam não sei quantas crianças em uma sala de aula, que podia diminuir o número de professores”, descreve Ivone. 

Para ela, neste pleito os eleitores “estão procurando qualidade nos políticos. O que ele realmente está pensando sobre gerar emprego na cidade, melhorar o transporte, a saúde, a educação. ‘Ele vai cortar o leite para os meus filhos ou vai dar?'”, destaca a dirigente. 

É esse movimento, de acordo com Ivone, que pode impulsionar, por exemplo, as candidaturas de Benedita da Silva (PT) no Rio, ou ainda de Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo, de João Campos (PSB) em Recife, ou mesmo Marília Arraes (PT) que vem em segundo lugar na pesquisas da cidade. Pesquisas eleitorais também indicam que a candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) lidera a corrida pela prefeitura de Porto Alegre. 

“Os políticos de esquerda têm propostas, ‘vou tirar daqui e colocar ali’. Sabe qual é a preferência em relação aos cidadãos. A população está olhando mais isso”, conclui a presidenta do Sindicato dos Bancários.  

Assista à entrevista na íntegra

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima


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