Contra-ataques

Em debate, Russomanno é ‘desconstruído’ por Boulos e Tatto: ‘Sem-vergonha’ e ‘perdedor’

Candidatos também destacaram problemas da gestão Bruno Covas

REPRODUÇÃO/TV CULTURA
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Marina Helou (Rede) lembrou que desde o início da gestão Doria/Covas, a capital cortou 33% da assistência social

São Paulo – O último debate entre candidatos a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno da eleição, marcada para domingo (15), teve ataques de Celso Russomanno (Republicanos), que apelou para o uso de fake news contra Guilherme Boulos (Psol). Os problemas da atual gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) também foram alvo de enfrentamentos por parte dos concorrentes.

O debate foi realizado pela TV Cultura, nesta quinta-feira (12). Russomanno voltou a citar mentira produzida pelo blogueiro Oswaldo Eustáquio, cujo vídeo com a notícia falsa foi barrado pela Justiça Eleitoral, contra Boulos. Segundo o candidato apoiado por Bolsonaro, o psolista usou “empresas fantasmas” em sua campanha.

Boulos respondeu às falsas acusações e informou que entrou com uma ação criminal na Justiça para apreender o celular de Russomano. “Ontem você fez uma acusação leviana de um suposto jornalista, que foi preso pela PF a mando do Supremo porque faz parte do inquérito da fake news do gabinete do ódio. Você se aliou com ele para inventar uma mentira a meu respeito”, rebateu. “Tenho orgulho de andar com sem-teto e sem-terra, só não ando com sem vergonha igual a você.”

Eustáquio, autor da “denúncia”, já foi preso pela Polícia Federal, em junho, na operação que apura financiamento, apoio e organização de atos antidemocráticos que defendiam o retorno da ditadura militar e o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O republicano também recebeu uma resposta do candidato do PT, Jilmar Tatto, a um ataque seu que viralizou nas redes sociais. Russomanno ironizou o petista sobre uma suposta perda de apoio dentro da legenda. “Celso, me parece que quem é campeão em perder eleição em São Paulo é você, meu irmão. Se toca, meu filho. Você perde todas, já teve uma que saiu com 42% e perdeu para o Fernando Haddad (em 2016). O perdedor aqui é você, só ganha para deputado federal porque faz aquelas demagogias em seu programa na televisão”, respondeu Tatto.

Gestão Covas é enfrentada

No debate, os candidatos fizeram dobradinhas para lembrar dos problemas da gestão de Bruno Covas. Em um dos momentos, Tatto questionou Joice Hasselmann (PSL) sobre o que pensava do abandono na região do Elevado João Goulart, próximo à casa do prefeito. Joice afirmou que a cidade toda “está abandonada”.

Márcio França (PSB) também aproveitou uma dobradinha com Arthur do Val ‘Mamãe Falei’ (Patriota) para questionar viagens do prefeito durante momentos de crise na cidade. Uma dessas viagens aconteceu em março de 2019, quando pediu licença de 7 dias e foi para a Europa. A reforma do Vale do Anhangabaú, no centro da cidade, que custou R$ 94 milhões aos cofres públicos, também foi usada contra Covas.

Já Marina Helou (Rede) lembrou que desde o início da gestão Doria/Covas, a capital cortou 33% da assistência social. De acordo com as prestações de contas divulgadas pela prefeitura de São Paulo, em 2016 o orçamento da Secretaria de Governo Municipal de Assistência e Desenvolvimento social era de R$ 203,4 milhões. Em 2019, esse valor passou para R$ 137,4 milhões.

Sem responder aos ataques, Covas fugiu de boa parte das investidas dos adversários e falou sobre as realizações de seus dois anos de gestão, seguindo a estratégia adotada em outros debates. Em outro momento, o tucano afirmou ser fake news indícios uma possível segunda onda de covid-19, ignorando que hospitais privados já estão mais sobrecarregados.

A pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (11) coloca Bruno Covas com 32% de intenções de voto na cidade. A segunda colocação está dividida entre Boulos, com 16%, Russomanno com 14% e França, com 12%.