Com pandemia e fake news, eleições municipais serão ‘imprevisíveis’, diz cientista política
“Pulverização” das candidaturas e distanciamento aumentam os riscos da disputa eleitoral ser contaminada pela desinformação, segundo Rosemary Segurado (PUC-SP)
Publicado 28/09/2020 - 10h34
São Paulo – A campanha eleitoral de 2020 começou oficialmente neste domingo (27), e serão eleições atípicas e imprevisíveis, segundo a cientista política e professora da PUC-SP Rosemary Segurado. Em função da pandemia, o uso político das redes sociais e dos aplicativos de mensagem deve ser intensificado, o que amplia o risco de “contaminação” do processo político pela desinformação.
Outra inovação destas eleições é a fim das coligações nas eleições legislativas. A principal consequência, de acordo com a especialista, será a “pulverização” das candidaturas. Proibidos de formarem chapas para a disputa nas câmaras municipais, os partidos devem ampliar a oferta de candidaturas, inclusive para as prefeituras.
Ambos os fatores – a pulverização das candidaturas e o uso das ferramentas eletrônicas – amplia o desafio do eleitor para escapar das armadilhas das fake news. Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (28), Rosemary dá dicas básicas para que o eleitor não faça parte da “cadeia produtiva da desinformação”.
Combate à desinformação nas eleições
Manchetes sensacionalistas são o primeiro indício de uma informação inverídica. Antes de passar adiante, o eleitor deve verificar se aquela mesma notícia aparece em diferentes veículos de mídia. Em muitos casos, a desinformação é transmitida por pessoas de confiança do interlocutor, como amigos, colegas de trabalho ou familiares.
“Mas essa pessoa pode ter compartilhado sem ter feito a devida checagem. A ‘tia Ana’ não tem intenção de mentir, principalmente para seus familiares e amigos. Mas alguém que passou a ela a informação tem essa intencionalidade”, alerta a cientista política.
O principal, segundo Rosemary, é a capacidade de estabelecer a diferença entre o fato e a opinião. “Todos temos direto à liberdade de opinião. Mas o que não pode é que isso não tenha base num fato concreto verificável.” O eleitor também deve ter especial cuidado com mensagens que ataquem a reputação do candidato adversário.
“Vamos fazer o debate franco e propositivo, que é tudo o que os eleitores precisam. Podemos ter propostas e programas diferentes para as cidades, mas elas têm que ser debatidas francamente. Sem a utilização desses subterfúgios que atacam a democracia.
Assista à entrevista:
Redação: Tiago Pereira. Edição: Glauco Faria