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Líderes políticos chamam conversas reveladas pelo Intercept de ‘escândalo’ e pedem renúncia de Moro

Reportagens publicadas pelo Intercept Brasil revelam falta de ética e imparcialidade da força-tarefa da Lava Jato. Deputados convocarão Moro à Câmara

HEINRICH AIKAWA/INSTITUTO LULA
HEINRICH AIKAWA/INSTITUTO LULA
Flávio Dino, lembra que membros do Ministério Público não podem ter militância partidária e que condenação de Lula é nula. ‘Um juiz que orienta uma das partes no curso do processo é parcial e suspeito. Está na lei’

São Paulo – As conversas entre o procurador Deltan Dallagnol e o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, divulgadas por jornalistas do The Intercept Brasil, neste domingo (9), provocaram repúdio de líderes político, dentro e fora do Congresso, que classificam a Operação Lava Jato como “uma fraude”. Parlamentares pedem a renúncia de Moro do cargo de ministro e prometem convoca-lo para se explicar na Câmara dos Deputados.

A ex-presidenta Dilma Rousseff lembrou de quando foi alvo de vazamentos ilegais feitos por Moro, citados na reportagem do The Intercept Brasil.  “Uma fraude jurídica construída para condenar Lula sem crimes, sem provas e impedir sua eleição para presidente. Mostram as ações inconstitucionais do Juiz Moro na nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, autorizando as gravações da presidenta, no exercício do cargo, sem a necessária autorização do STF. Esperemos que diante das evidências, o Supremo não se omita. Processos corrompidos pela fraude na Lava Jato implicam em liberdade imediata de Lula”, disse, em seu Twitter.

O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) disse que o partido apresentará um requerimento e convocar Sérgio Moro para depor no plenário da Câmara dos Deputados e na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Ele irão abrir também uma representação contra Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

“Jogo combinado, ação ilegal de Moro e Dallagnol atropelando o Código Penal brasileiro. Moro agiu como um político e articulador e não como um magistrado. Pressionou a PF e o MP e desmoralizou a Justiça. É preciso que se apure toda a verdade, isso não pode ficar impune”, disse o deputado federal do Psol.

Já a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) classificou a troca de mensagem “por baixo dos panos” como “absurda e baixa”. “Fere o Estado democrático de Direito! Ataca a democracia e mostra intervenção ideológica. Todo cidadão devia se chocar com o que se revelou nesta noite. Um juiz orientando e combinando ações com um procurador. E do mesmo caso! A nação esta em choque”, criticou.

A presidenta do PT e deputada federal do Paraná, Gleisi Hoffmann, lembrou que o partido denuncia a parcialidade da Lava Jato há bastante tempo e pediu a anulação do processo de Lula. Já o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) disse que a Lava Jato “está cheia de falsos heróis e paladinos da ética e da moralidade. “A verdade chegou. Nenhum hipócrita sobrevive à verdade. A luz sempre engole as trevas. Aprendam, Moro e Dallagnol”, publicou.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), lembra que membros do Ministério Público não podem ter militância partidária e que as reportagens revelaram que membros da Lava Jato não cumpriram as regras. “Um juiz que orienta uma das partes no curso do processo é parcial e suspeito. Seus atos são nulos. Está na lei. E como repetiam nos processos de Curitiba: “a lei é para todos”. Agora saberemos se “as instituições estão funcionando”. Elas vivem a partir de hoje seu maior teste”, criticou ele.

Dino ainda pediu a saída do ministro da Justiça do  governo. “Sergio Moro deve se afastar ou ser afastado do Ministério da Justiça. Quem instrumentalizou a Justiça Federal para fins eleitorais e partidários pode tentar fazer o mesmo com a Polícia Federal, agora sob seu comando direto.”

Intercept Brasil publicou três reportagens mostrando discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato, coordenada pelo procurador renomado Deltan Dallagnol, em colaboração com o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, celebrado a nível mundial. Produzidas a partir de arquivos enormes e inéditos – incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens – enviados por uma fonte anônima, as três reportagens revelam comportamentos antiéticos e transgressões.