PROTESTOS

Brasília tem passeata pela Esplanada e mobilização em frente ao Congresso

Estudantes, professores, pais e profissionais liberais estão reunidos desde início da manhã na capital do país, contra os cortes na educação e a 'reforma' da Previdência

Lula Marques e Margarete de Oliveira (cartaz)

Em dia de audiência com ministro da Educação no Congresso, manifestantes dão recado na Esplanada dos Ministérios

Brasília – Estudantes, professores, pais, tios, militantes contrários ao governo, donas de casa, pequenos empresários e profissionais liberais que não aceitam os cortes na Educação nem a proposta da reforma da Previdência ocupam, desde o início da manhã, as ruas da capital de país no trecho entre a rodoviária do Plano Piloto e a Esplanada dos Ministérios.

Prevista para ser iniciada em frente ao Museu da República, a manifestação terminou juntando grupos que se dividiram em várias concentrações em frente aos prédios do Ministério da Educação, Congresso Nacional, Itamaraty, Ministério da Fazenda, Rodoviária e o começo do Eixo Monumental.

Mesmo assim e num clima que até as 13h30 foi pacífico, a manifestação contou com o olhar ostensivo de soldados armados da Força Nacional de Segurança, convocada para acompanhar os protestos. Entre os manifestantes, a última contagem é de que um total de 50 mil pessoas participam do evento. Já a Polícia Militar do Distrito Federal divulgou há pouco que são 6 mil. Antes disso, a PM/DF disse aos jornalistas que havia 15 mil pessoas na passeata, para depois desmentir essa contagem.

“Já estamos acostumados com isso. Com 50 mil ou não, sabemos que a polícia sempre estima para menos o número de participantes. O que vale é o que estamos vendo aqui, não o que estão contando para relatórios oficiais”, disse a doutoranda da Universidade de Brasília (UnB) Márcia Ferreira. Ela vestia uma camiseta pedindo mais recursos para a educação e estava em meio a um grupo formado por vários dos seus alunos. “Hoje a sala de aula é aqui”, explicou.

A dona de casa Nadja Santana, moradora de Samambaia, Região Administrativa do Distrito Federal, fez questão de levar os filhos Vitor e Iuri, estudantes do ensino médio. Conforme contou, na escola pública onde eles estudam, hoje não teve aula e todos os alunos ficaram de comparecer à passeata.

“Já nos cortaram tanta coisa desde o golpe contra a Dilma, ainda por cima tirar o sonho de ver nossos filhos estudando mais do que nós conseguimos estudar é o fim da picada”, reclamou.

Razão x ignorância

Também o jornalista Bartolomeu Rodrigues, que estudou na UnB, fez questão de marcar presença. “Estou orgulhoso por estar presente a esse tsunami da razão contra a ignorância. Todo o apoio à greve”, afirmou.

Em nome da comunidade estudantil, o representante do movimento Juntos (formado por alunos da UnB) Bruno Zaidan afirmou que o objetivo é provar que há união por parte da sociedade contra os cortes e também contra a “reforma” da Previdência. “Queremos mostrar ao governo federal que a sociedade está unida. A educação é a porta de entrada da infância e da juventude para o futuro. Temos visto vários ataques à educação no Brasil e não podemos permitir isso. Nosso ato é pela resistência”, ressaltou.

O diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) Samuel Fernandes destacou que a expectativa é de mais alunos se juntarem à passeata até o final do dia. De acordo com Fernandes, funcionários de mais de 700 escolas do DF estão mobilizados e pararam os trabalhos para participar do protesto.

Às 15h, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, vai participar de uma audiência pública para falar sobre os cortes na Câmara. Ele foi convocado ontem, pelos deputados.

Parlamentares como José Guimarães (PT-CE), Erika Kokay (PT-DF) e Alessandro Molon (PSB-RJ) têm entrado e saído da passeata, para conciliar o apoio aos manifestantes com a participação nas comissões técnicas do Congresso. A chegada de Weintraub já é aguardada com expectativa pelos parlamentares, que no momento tentam se inscrever para fazer perguntas.

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