Resposta

Ministro Jaques Wagner rebate Cunha: ‘Quem mentiu foi ele’

Chefe da Casa Civil disse que presidente da Câmara age como quem perdeu e que procuras ao Planalto para negociar sua situação no Conselho de Ética foram tentadas pelo deputado, sem sucesso

Wilson Dias/Agência Brasil

Wagner: “Esta é a prática do presidente da Casa, sempre fazendo chantagem”

Brasília – “A atitude é de quem perdeu no campo e tenta ganhar no tapetão. Foi ele quem mentiu.” A frase foi proferida há pouco pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para rebater as declarações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Hoje de manhã, Cunha acusou a presidenta Dilma Rousseff de ter mentido para a população. Wagner disse que não aconteceu a reunião citada por Cunha entre ele, o deputado André Moura (PSC-SE) e a presidenta. Disse que quem se reuniu com Moura – que é aliado de primeira hora do presidente da Câmara – foi ele e em momento algum Dilma participou desse encontro.

O ministro enfatizou, ainda, que quem tentou negociar com o governo o tempo inteiro enviando recados pelos parlamentares aliados para mudar sua situação no Conselho de Ética foi Eduardo Cunha. “Ele não conseguiu levar o que queria. Os fatos estão aí. Conseguimos votar o que precisávamos, que foi a alteração da meta fiscal no exercício deste ano, enquanto ele foi derrotado no seu intuito, que era conseguir se livrar do seu processo. Estou muito tranquilo e quero afirmar: quem mentiu foi Eduardo Cunha”, destacou.

Sobre as conversas que teve com Andre Moura, Wagner disse, sem entrar em detalhes, que “todos sabem como são as idas e vindas das articulações”. Confirmou que, de fato, ele conversou com o deputado, mas reiterou que o que foi tratado não incluía qualquer negociação para livrar Cunha do processo de cassação.

Michel Temer

O ministro aproveitou para elogiar a postura do vice-presidente da República, Michel Temer, que tem sido objeto de especulação e até de uma possível “omissão”, nos bastidores, de um apoio maior à presidenta Dilma Rousseff. De acordo com Wagner, o vice-presidente demonstrou toda solidariedade à presidenta e ao Executivo, bem como empenho em participar das reuniões para discutir as estratégias do governo no preparo para este próximo embate político do impeachment.

“Ele (Temer) apenas pediu para conversar pela manhã com a presidenta Dilma antes da reunião que está sendo marcada com ministros e líderes da base aliada, porque teria de viajar agora à tarde para São Paulo, por conta de compromissos oficiais. Participei desta reunião e posso garantir que o Temer está totalmente entrosado nesta nossa missão de nos prepararmos para o impeachment”, acentuou.

O ministro salientou, ainda, que não é ele quem tem de dar parecer ou ter opinião formada sobre a credibilidade e a legitimidade que Cunha tem, atualmente, para tocar o processo de impeachment contra a presidenta Dilma, e sim os juristas e o Judiciário. E acrescentou que quem afirma isso não é ele, mas vários juristas e parlamentares, que já pediram o afastamento do presidente da Câmara por estar usando de todas as artimanhas para atrapalhar o processo no Conselho de Ética.