setor imobiliário

Secovi afirma que empresas nunca denunciaram chantagem de fiscais

Claudio Bernardes, presidente do sindicato, reafirmou que entidade não vazou informações sobre investigação para quadrilha que atuava na prefeitura de São Paulo

CC / skycrapper

São Paulo – O Secovi, sindicato representante do setor imobiliário, afirmou hoje (12) que a entidade nunca foi alertada por empresas sobre os casos de supostas chantagens a que eram submetidas para obter a liberação de Habite-se na prefeitura de São Paulo. Pelo menos 300 empresas teriam pago propina a fiscais da administração municipal responsáveis pela verificação do recolhimento do ISS. A estimativa é que R$ 500 milhões possam ter sido desviados entre 2006 e 2012.O presidente do sindicato, Claudio Bernardes, também reiterou que a entidade não alertou a quadrilha que era alvo de uma investigação.

O Secovi aparece em uma conversa grampeada pelo Ministério Público no escritório em que a quadrilha se reunia, no centro de São Paulo. No áudio, o diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança da prefeitura na gestão Gilberto Kassab (PSD), Eduardo Barcelos, diz ao ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra, que o Secovi prometeu não dizer nada sobre as propinas se os ficais não falassem nada sobre as empresas.

Bernardes afirmou que a entidade não tem qualquer envolvimento com o vazamento e que a denúncia manchou a imagem do sindicato. “A indignação nossa é tamanha que nós vamos tomar todas as medidas cabíveis para identificar essa pessoa”, afirmou. “Ninguém dessa entidade, ninguém a mando da direção dessa entidade esteve lá”, afirmou. E deu indícios em outra direção: “Quando o MP nos chamou, já tinha conversado com cinco outras empresas”, insinua. O próprio Ministério Público já havia dito ter falado com empresas antes de procurar o Secovi. No entanto, o promotor do MP Roberto Bodini garantiu que não foi explicado a elas qual era a real motivação da conversa. A entidade pretende incitar uma investigação apurar quem teria usado seu nome.

Bernardes afirma que foi informado sobre a investigação em 3 de setembro por Bodini durante uma reunião. Na ocasião, o MP pediu para que o sindicato explicasse para as empresas do setordo que tratava o inquérito e que as levasse para prestar esclarecimentos sobre o suposto achaque. Na ocasião, Bernardes disse que a entidade “não tinha esse poder” e que a decisão caberia a cada uma delas. Desde 17 do mesmo mês as empresas estão cientes da investigação. Até ela ser divulgada, no início do mês, nenhuma empresa procurou o MP para denunciar o esquema.

Ainda que não tenham delatado o esquema, Bernardes acredita que as empresas eram obrigadas a pagar a propina para ter a liberação do empreendimento já concluído. Na visão dele, os fiscais apontavam irregularidades que não existiam no pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) para obrigar as empresas a pagar mais do que deviam.

Momento propício

Bernardes afirmou que o Secovi apresentará em 15 dias um estudo à prefeitura de São Paulo para diminuir as brechas que levam à corrupção. Ele teria tido uma reunião ontem com o prefeito Fernando Haddad (PT) para tratar do assunto. Segundo o dirigente, em outras administrações também foram sugeridas mudanças, mas agora, graças ao ambiente criado pelo escândalo, as negociações poderão avançar. “Eu estou percebendo que esse pode ser o momento para isso acontecer e estou percebendo que esse é o ambiente. No passado, seja por quais razões fossem, esse momento não era favorável”, disse.