Convocação de jornalista esclarecerá esquema Veja/Cachoeira, diz deputado

Para o deputado Dr. Rosinha, é preciso esclarecer a relação do jornalista da Veja com a organização criminosa (Foto: Leonardo Prado/Ag.Câmara/Arquivo) São Paulo – A pressão para que o jornalista […]

Para o deputado Dr. Rosinha, é preciso esclarecer a relação do jornalista da Veja com a organização criminosa (Foto: Leonardo Prado/Ag.Câmara/Arquivo)

São Paulo – A pressão para que o jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja em Brasília, compareça à CPMI do Cachoeira se amplia no Congresso Nacional. Hoje (14), o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) deve apresentar um novo pedido de convocação, assunto que será debatido entre os parlamentares. 

Segundo o deputado, as denúncias publicadas no fim de semana pela revista Carta Capital, com base em levantamento que ele mesmo havia feito, justificam a convocação. Escutas da PF nas operações Vegas e Monte Carlo mostram que a quadrilha liderada por Cachoeira, além de servir como fonte jornalística, recebia de Policarpo encomenda de trabalhos que pudessem embasar suas matérias.

Os fatos são confirmados, de acordo com Dr. Rosinha, por estudo feito pela assessoria técnica da CPMI, que envolve equipe multidisciplinar e diferentes setores do poder público. “É uma organização criminosa utilizando o jornalista Policarpo Júnior para buscar informação ou ele faz parte da organização? São questões que devem ser levantadas, porque, se ele faz parte da organização, ele é um criminoso”, disse Dr. Rosinha.

De acordo com o deputado, dois fatos revelam mais claramente a ligação entre Policarpo e Carlinhos Cachoeira. Um se refere à invasão do quarto de hotel do ex-ministro José Dirceu, no ano passado, e outro a um pedido de dossiê ou gravações sobre o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO).

“O primeiro caso demonstra um envolvimento da organização criminosa na busca de informação, no grampo ilegal e emblemático, porque o próprio ministro à época fez ocorrência denunciando invasão de privacidade. O segundo caso, quando Policarpo pede ao grupo qualquer tipo de dossiê sobre o deputado Jovair, eu entendo – na interceptação telefônica feita – que o pedido foi de grampo. Mas existem alguns que não interpretam assim. Por isso também é importante a presença do jornalista para explicar como se deu essa relação”, afirmou Dr. Rosinha.

Cartas marcadas

A denúncia de corrupção nos Correios feita em 2005 pela mesma Veja e pelo mesmo Policarpo – origem da crise política que levou o então deputado Roberto Jefferson a denunciar o suposto “mensalão”, que ele agora nega – também aparece como indícios das atividades ilícitas entre o bicheiro e o jornalista. 

“Se hoje houver uma profunda investigação daquela questão que originou a CMPI dos Correios, eu creio que haverá uma grande possibilidade de se provar que foram cartas marcadas entre Policarpo e a organização criminosa”, afirmou.

Liberdade de imprensa 

Dr. Rosinha esclarece que a chamada de Policarpo à CPMI não representa nenhum atentado à liberdade de imprensa, conforme apontado por alguns setores da mídia conservadora. Para ele, a imprensa no Brasil é livre, porém, a revista Veja se incrimina ao permitir que uma organização criminosa indique parte de sua pauta.

“Setores da direta e alguns jornalistas – que talvez temam por uma investigação futura – começam a dizer que não querem que o Policarpo Júnior vá até a CPMI, porque é um atentado à liberdade de imprensa. Penso que qualquer cidadão, independente de sua profissão, tenha suspeita de ter cometido algum crime, precisa ser investigado”, afirmou o deputado.

Hoje (14) será também debatida pelos parlamentares na comissão mista, a criação de sub-relatorias, devido ao grande volume de informações que chegam à CMPI do Cachoeira.

Ouça a entrevista a Marilu Cabañas na Rádio Brasil Atual